BRAZILIAN DUOS

Brazilian Duos é impregnado de referências familiares e cadência jazzística. A primeira questão é resolvida pelo fato da cantora Luciana Souza ser filha da letrista Teresa Souza e do compositor Walter Santos. Ambos estão presentes no disco em grande medida, seja na escolha do repertório (várias das canções foram escritas em parceria por seus pais), seja na presença do próprio Walter, ao violão - compondo com Romero Lubambo e Marco Pereira o trio de violonistas que acompanha Luciana no disco, um de cada vez. Não há mistério (nem tampouco obviedade) nos arranjos das doze faixas do álbum; apenas Luciana, com sua voz marcante e bem modulada, e um único violão, variando do estilo limpo e econômico de Santos às firulas mais suingadas de Lubambo, passando pelo virtuosismo de Pereira. A tal cadência lá de cima se resolve na peculiar entonação de Brazilian jazz que Luciana imprime a uma variedade de sabores da MPB - da bossa de Jobim à nordestinidade de Gonzagão. Mais do que um disco para inglês ouvir (ou seria para americano ouvir?), trata-se de um trabalho no qual afinal uma das mais destacadas artistas brasileiras no exterior afinal reconcilia-se com suas heranças (musicais e familiares), com resultado delicado e memorável.

De resto, é o reflexo de viagens e experiências norte-americanas. Luciana leva o disco de ponta a ponta trabalhando apenas sua voz marcante, acompanhada ora pelo violão de Romero Lubambo, ora de Marco Pereira e ora do pai. As Praias Desertas (Tom Jobim) e O Bolo (Walter/Teresa) merecem ser ouvidas à exaustão. Atenção para o arranjo rapidinho que Luciana deu ao Baião Medley - com Respeita Januário, Qui Nem Jiló e Romance.(Marco Antonio Barbosa)