CALÍGULA FREEJACK
Hojerizah / Toni Platão (2000)
Crítica
Cotação:
Não que Tony Platão (1994) seja um disco ruim – o vocalista de interpretação operística, escolado nas hostes thesmithianas do Hojerizah, saiu-se bem convertido em cantor de soul. Só em Calígula Freejack, porém, é que se pode ter uma idéia da extensão interpretativa que Toni é capaz de alcançar. Ele revela personalidade e versatilidade ímpares ao encarar tanto o mangue bit do mundo livre s/a (A Bola do Jogo) e a pós-jovem guarda de Frank Jorge (Vejo Você e Mais Nada) quanto o samba-canção (Estricnina) e os bossa abolerada (na releitura de Carne e Osso, dos Picassos Falsos). Os fãs do Hojerizah não sentirão saudade da intensidade roqueira do vocalista – ela está lá, em Pode Ser, na violenta Marcas no Pescoço e na dark Não Faz Muito Tempo. Esses mesmos fãs devem, aliás, conferir com atenção a nova interpretação de um dos clássicos da banda Dentes da Frente, que ficou eletrônica e bastante soturna, longe do óbvio. Boa surpresa também é o lado baladeiro que Toni escancara a partir da segunda metade do disco. O soul volta, delicado, em Preciso, faixa em que o vocalista vem com um falsete quase irreconhecível. Proteção e O Que Você Quiser completam em alto nível a parte das baladas, que parecem gritar por execução em rádio – resta saber se as emissoras inteligentes vão ouvir. Perfeito em sua seleção de repertório, Calígula Freejack no entanto poderia ter saído como uma colcha de retalhos. Não saiu – a produção de Dado conferiu fluidez a este disco, que ficou livre dos erros típicos de muitos cantores que se aventuram no caminho do pop-rock. Calígula é papa fina.
(Silvio Essinger)
Faixas