CAMBAIO - Trilha Sonora da Peça - MÚSICAS DE CHICO BUARQUE E EDU LOBO
Chico Buarque / Edu Lobo (2001)
Crítica
Cotação:
Chega às lojas o CD com as canções do musical Cambaio, escritas por Chico Buarque e Edu Lobo para o texto (e direção) de João e Adriana Falcão. Descoladas do espetáculo (mais, descoladas de todo o frenesi de mídia que cercou a montagem do musical), as músicas resistem bem. Embora falte ao disco uma centelha de desafio. Formalmente, não há o que repreender a um trabalho deste quilate; questiona-se porém o posicionamento das músicas de Cambaio dentro da riquíssima parceria Chico/Edu. Seriam elas realmente necessárias à dupla que já compôs maravilhas como Beatriz ou Choro Bandido?
A respeito da peça, houve quem dissesse que a direção musical de Lenine - orientada para o experimentalismo pop - se chocava gritantemente com as letras rebuscadas de Chico e as melodias graciosas de Edu. No CD, resolveu-se a coisa da seguinte maneira: limou-se Lenine do processo de concepção musical e convocou-se o maestro Chico de Moraes, que assina os arranjos em colaboração com Edu.
Tem-se então arranjos em estilo rebuscadíssimo, orquestrais mesmo, contando com um time invejável na execução (Cristóvão Bastos, Jurim Moreira, Marcio Montarroyos, Jaques, Eduardo & Lúcia Morelembaum são apenas alguns dos nomes que se ressaltam). A sonoridade do álbum é pré-bossa nova, inspirada tanto nas trilhas clássicas de Hollywood quanto na fundamental influência das criações de Villa-Lobos.
Na abertura, Lenine empresta contundência à faixa-título, de arranjo suingado - que quase contrasta com a placidez do resto do álbum. Neste registro, junta-se a Cambaio, a canção, a bem-sacada instrumental Fábrica, que recria a movimentação da maquinaria pesada com um arranjo estridente de metais e boa presença da percussão. Para compensar, a outra única instrumental (Quase Memória) é pura sutileza, com melodia conduzida pelas flautas de Murilo Barquete e Andréa Dias e tudo o mais - cordas e demais sopros - entrando num suave crescendo.
Chico tem bom momento de intérprete no sambinha com leve tocada nordestina em Ode aos Ratos. O samba retorna, mais evidente, na voz de Gal Costa com Veneta - batucada com reco-reco em duelo com o violoncelo de Jaques Morelembaum. Há beleza e suavidade em Uma Canção Inédita, valsinha cantada por Chico. Mais beleza ainda é encontrável na música que fecha o álbum, Cantiga de Acordar, cantada por Chico, Edu e Zizi Possi (que também faz o vocal em Lábia). As duas canções que ganharam a voz de Edu primam pelo clima de devaneio. Há um belo diálogo de cordas e trompete em A Moça do Sonho, na qual uma harpa dá o devido tom onírico. Isso também se nota em Noite de Verão (num tom mais jazzístico, com a cozinha - quase - ameaçando uma levada mais suingada).
(Marco Antonio Barbosa)
A respeito da peça, houve quem dissesse que a direção musical de Lenine - orientada para o experimentalismo pop - se chocava gritantemente com as letras rebuscadas de Chico e as melodias graciosas de Edu. No CD, resolveu-se a coisa da seguinte maneira: limou-se Lenine do processo de concepção musical e convocou-se o maestro Chico de Moraes, que assina os arranjos em colaboração com Edu.
Tem-se então arranjos em estilo rebuscadíssimo, orquestrais mesmo, contando com um time invejável na execução (Cristóvão Bastos, Jurim Moreira, Marcio Montarroyos, Jaques, Eduardo & Lúcia Morelembaum são apenas alguns dos nomes que se ressaltam). A sonoridade do álbum é pré-bossa nova, inspirada tanto nas trilhas clássicas de Hollywood quanto na fundamental influência das criações de Villa-Lobos.
Na abertura, Lenine empresta contundência à faixa-título, de arranjo suingado - que quase contrasta com a placidez do resto do álbum. Neste registro, junta-se a Cambaio, a canção, a bem-sacada instrumental Fábrica, que recria a movimentação da maquinaria pesada com um arranjo estridente de metais e boa presença da percussão. Para compensar, a outra única instrumental (Quase Memória) é pura sutileza, com melodia conduzida pelas flautas de Murilo Barquete e Andréa Dias e tudo o mais - cordas e demais sopros - entrando num suave crescendo.
Chico tem bom momento de intérprete no sambinha com leve tocada nordestina em Ode aos Ratos. O samba retorna, mais evidente, na voz de Gal Costa com Veneta - batucada com reco-reco em duelo com o violoncelo de Jaques Morelembaum. Há beleza e suavidade em Uma Canção Inédita, valsinha cantada por Chico. Mais beleza ainda é encontrável na música que fecha o álbum, Cantiga de Acordar, cantada por Chico, Edu e Zizi Possi (que também faz o vocal em Lábia). As duas canções que ganharam a voz de Edu primam pelo clima de devaneio. Há um belo diálogo de cordas e trompete em A Moça do Sonho, na qual uma harpa dá o devido tom onírico. Isso também se nota em Noite de Verão (num tom mais jazzístico, com a cozinha - quase - ameaçando uma levada mais suingada).
Leia ainda:
|
Faixas