CANTA CLUBE DA ESQUINA
Vânia Bastos (2002)
Crítica
Cotação:
Este disco de Vânia Bastos é mais um dos famigerados projetos que têm dado as
cartas na MPB atual. Trabalho de conceito fechado e criado por demanda de uma
gravadora ou de um produtor, no qual o artista se encaixa como pode. No caso deste
tributo aos compositores do Clube da Esquina, felizmente o resultado não ficou com cheiro
de comercialismo barato, e teve fôlego o suficiente para se enquadrar com honra junto aos
melhores trabalhos de Vânia. Talvez porque a cantora não se dobrou aos possíveis
estereótipos estilísticos inerentes à mineirice, trazendo as canções para seu
universo particular - não se contentando em apenas emprestar sua voz. Acompanhada
basicamente pelo piano de Luiz Avellar, Vânia Bastos produziu um disco de
quase-câmara, de arranjos econômicos ao extremo e valorizando sua interpretação,
escolada nos rigores experimentais da vanguarda paulista. O encontro desses dois mundos
- Minas e Sampa - é o que há de mais interessante no álbum, trabalho de releituras
delicadas (mas radicais) de algumas das melhores criações de Milton Nascimento & cia.
Mesmo tendo uma sonoridade muito homogênea (às vezes esbarrando no monótono), há momentos de brilho maior em ...Canta Clube da Esquina. O tratamento voz + piano dá ênfase às belas e refinadas melodias, como no caso da versão dramática para Cais, sublinhando a harmonia surpreendente. Ou na releitura para Nascente - desde sempre uma das mais belas canções da MPB - , que ganha sofisticação com a intervenção de um naipe de cordas. Vânia suaviza o andamento de quase todas as canções, em especial Nada Será Como Antes e Um Gosto de Sol, dando fôlego e criando sutis entrelinhas às composições. O melhor exemplo disso é a versão para San Vicente, que traz um casamento bem tramado entre as brincadeiras quase jazzy de Avellar ao piano e a participação de Milton Nascimento - que contribui com intrincados vocalises. (Marco Antonio Barbosa)
Mesmo tendo uma sonoridade muito homogênea (às vezes esbarrando no monótono), há momentos de brilho maior em ...Canta Clube da Esquina. O tratamento voz + piano dá ênfase às belas e refinadas melodias, como no caso da versão dramática para Cais, sublinhando a harmonia surpreendente. Ou na releitura para Nascente - desde sempre uma das mais belas canções da MPB - , que ganha sofisticação com a intervenção de um naipe de cordas. Vânia suaviza o andamento de quase todas as canções, em especial Nada Será Como Antes e Um Gosto de Sol, dando fôlego e criando sutis entrelinhas às composições. O melhor exemplo disso é a versão para San Vicente, que traz um casamento bem tramado entre as brincadeiras quase jazzy de Avellar ao piano e a participação de Milton Nascimento - que contribui com intrincados vocalises. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas