CARTA AO REI
Jorge Simas / Paulo César Feital (2000)
2000
Independente
DA 001
Crítica
Cotação:
O protesto político frontal voltou a marcar o samba em 2000 através de petardos como Nossa Pátria Mãe Gentil (Vaguinho/ Boneco) na voz de Beth Carvalho, Fetiche Real (Magno de Souza/ Maurílio de Oliveira/ Everson Manoel/ Edvaldo Galdino) pelo Quinteto em Branco e Preto e a faixa-título deste disco de estréia da dupla formada pelo letrista Paulo Cesar Feital e o músico Jorge Simas, um dos fundadores do grupo Nó em Pingo D'Água. O recado, em forma de samba-enredo, vai direto para a autoridade máxima do país: "vendeste o cordão e as sandálias/ o leque e o pavilhão/ (...) já não és o mestre-sala que se viu/ que lá fora és chamado de rei Momo do Brasil". Simas & Feital estréiam bem azeitados e em ótimas companhias como as de Chico Buarque, Paulo Moura, Leny Andrade, Carlinhos Vergueiro, Rildo Hora, Cris Delano e Selma Reis. No cardápio, letras detonadoras e uma variação de gêneros de quem domina todas as línguas e linguagens da MPB e adjacências como o tango de Cabaré Tropical. O frevo ganha cores nacionalistas em Muito Bom, um quinhão de queixas atinge O Clero numa marcha-rancho pouco eclesiástica que convive com a orgia libidinal de Cinco Contra Um e o deboche rasgado de Yayá de Marechal. Além da demolição institucional (rola até um Choro Animal, de letra martirizada) há espaço para homenagens a Carlos Cachaça (Carlos Poeta), João Nogueira (Labareda) e a violonista Rosinha de Valença (Valsa para Rosinha) há anos inconsciente numa cama. Nostalgia de épocas melhores habita Mais Feliz (parceria de Feital com Carlinhos Vergueiro e Elton Medeiros que nomeou um disco deste último, gravado em 1995) e o saboroso álbum de retratos de No Tempo do Patropi (letra & música de Simas). Um painel agressivo e movimentado mostrando uma MPB que arquiva os cabeças de área e parte para o ataque.(Tárik de Souza)
Faixas
Valsa para Rosinha (Jorge Simas - Paulo César Feital)