CASA DE SAMBA 4
Vários Intérpretes (2000)
Crítica
Cotação:
O que continua dando fôlego ao vitorioso projeto Casa de Samba é a ousadia do produtor Rildo Hora em valorizar sambas clássicos (muitos deles pouco regravados) e unir vozes, a princípio incompatíveis, sem abrir mão da qualidade dos arranjos e - justamente por ser um disco gravado ao vivo - do clima autêntico de um pagode. Outro motivo de o projeto chegar tão bem ao quarto volume é que, mesmo que por vezes as vozes dos elenco não tragam interpretações definitivas às músicas, a força dos sambas prevalece. É um disco para se ouvir cantando junto todas as faixas. Abrindo o CD, a delicosa Juracy (1941), do repertório de Roberto Silva, é revivida na voz do sambista octogenário ao lado de Caetano Veloso em duo precioso. Outro grande dueto é o de Leci Brandão e Péricles (Exaltasamba), numa emocionante versão de Tudo Menos Amor (Walter Rosa e Monarco), na qual Leci imita em certo momento Martinho da Vila, que imortalizou a canção em 1973. A antológica Você Passa Eu Acho Graça, que lançou Clara Nunes ao sucesso em 1968, sendo o último sucesso do compositor Ataulfo Alves (em parceria com Carlos Imperial) ganhou a voz da já quase sambista Cássia Eller (a roqueira que mais grava sambas) e do tradicional sambista paulista Noite Ilustrada. Se eles combinaram? Nem tanto, mas a faixa é boa mesmo assim porque, como já foi dito, o samba fala mais alto. Outros resgates deliciosos são os dos sambas Saudosa Mangueira (Herivelto Martins), com uma perfeita Alcione ao lado da Velha Guarda da Mangueira, e Todos os Sentidos, samba típico de Martinho da Vila, com o próprio ao lado de uma Leila Pinheiro perfeitamente à vontade, prova de que a cantora deveria realizar novas incursões no gênero e evitar canções tão derramadas.
Beth Carvalho volta ao ano de 1974 e cantar um de seus primeiros sucessos, 1.800 Colinas, com discreta participação de Zélia Duncan. Rildo Hora teve uma boa sacada trazendo Waguinho (ex-Os Morenos) como anfitrião do Pagode do Vavá, ao lado da Velha Guarda da Portela, provando que com bom repertório o pagodeiro pode bater um bolão. Zeca Pagodinho versa bem com uma endiabrada Sandra de Sá a letra vacilante de Judia de Mim, que fala até em cheiro de suvacos. Pouco sutil é também a divertidíssima letra de Praia de Ramos (na verdade, o nome do samba é Domingo de Sol), velho sucesso de Dicró, aqui em duo com o ex-É o Tchan Beto Jamaica. O samba narra as desventuras de um chefe de família que leva a prole à hoje poluída Praia de Ramos - sempre ironizada pelos habitantes da Zona Sul carioca porque fica no subúrbio. "Minha sogra, aquela besta/ Cismou de me acompanhar/ Levou sabonete e henê/ Só para me envergonhar", diz a impagável letra. Paula Toller está incrivelmente afinada em Nasci pra Sonhar e Cantar, um dos sambas mais lindos de Dona Ivone Lara (em parceria com Délcio Carvalho). Pena que a concepção da faixa e da mixagem não tenha aproveitado melhor a voz da veterana sambista, com seus floreios característicos. A mixagem também pecou em Kid Cavaquinho, com João Bosco e Dudu Nobre (a voz do novato quase não aparece). À exceção do fraco dueto de Bebeto e Márcia Freire na dispensável O Meu Amor Chorou, o disco é muito divertido e competente.(Rodrigo Faour)
Beth Carvalho volta ao ano de 1974 e cantar um de seus primeiros sucessos, 1.800 Colinas, com discreta participação de Zélia Duncan. Rildo Hora teve uma boa sacada trazendo Waguinho (ex-Os Morenos) como anfitrião do Pagode do Vavá, ao lado da Velha Guarda da Portela, provando que com bom repertório o pagodeiro pode bater um bolão. Zeca Pagodinho versa bem com uma endiabrada Sandra de Sá a letra vacilante de Judia de Mim, que fala até em cheiro de suvacos. Pouco sutil é também a divertidíssima letra de Praia de Ramos (na verdade, o nome do samba é Domingo de Sol), velho sucesso de Dicró, aqui em duo com o ex-É o Tchan Beto Jamaica. O samba narra as desventuras de um chefe de família que leva a prole à hoje poluída Praia de Ramos - sempre ironizada pelos habitantes da Zona Sul carioca porque fica no subúrbio. "Minha sogra, aquela besta/ Cismou de me acompanhar/ Levou sabonete e henê/ Só para me envergonhar", diz a impagável letra. Paula Toller está incrivelmente afinada em Nasci pra Sonhar e Cantar, um dos sambas mais lindos de Dona Ivone Lara (em parceria com Délcio Carvalho). Pena que a concepção da faixa e da mixagem não tenha aproveitado melhor a voz da veterana sambista, com seus floreios característicos. A mixagem também pecou em Kid Cavaquinho, com João Bosco e Dudu Nobre (a voz do novato quase não aparece). À exceção do fraco dueto de Bebeto e Márcia Freire na dispensável O Meu Amor Chorou, o disco é muito divertido e competente.(Rodrigo Faour)
Faixas