CASQUINHA DA PORTELA
Casquinha (2001)
Crítica
Cotação:
Não é novidade dizer que a Portela é um celeiro inesgotável de bambas, fonte de onde jorra o samba que define os caminhos do gênero. A (boa) novidade é que cada vez mais aqueles que não têm a sorte de freqüentar os terreiros de Oswaldo Cruz podem ter acesso a essas verdadeiras antologias do samba. Enquanto não saem os novos discos de Monarco e Jair do Cavaquinho, já temos 12 motivos de grande alegria, que são as faixas deste Casquinha da Portela, lançado em um pacote triplo da Lua Discos (juntamente com Macalé Canta Moreira e Samba Guardado, de Guilherme de Brito). Casquinha, aos 78 anos (em plena forma, diga-se de passagem), estréia como solista, depois de já ter integrado os Mensageiros do Samba, ao lado de Bubu, Arlindo Cruz (pai) e outros, o Partido em Cinco (que entre suas formações abrigou Candeia, Wilson Moreira, Joãozinho da Pecadora) e a Velha Guarda da Portela, de que faz parte atualmente. Seu talento como compositor já havia sido comprovado tanto por outros bambas, como os parceiros Candeia, Paulinho da Viola e Argemiro, quanto pelos intérpretes que registraram sua obra. Entre eles, Elza Soares, Beth Carvalho, Nara Leão, Clara Nunes, Zeca Pagodinho e João Nogueira.
Casquinha pode não ser o melhor cantor do mundo (principalmente quando encara tonalidades demasiado graves, como em Cantor de Sacola), mas imprime um toque especial às próprias composições, destacando-se seu suingue vocal. O maior sucesso, Recado — parceria com Paulinho da Viola que data do tempo em que o jovem Paulinho apareceu na Portela pela primeira vez — aparece aqui em dueto com o letrista Aldir Blanc, em uma de suas raras incursões à frente do microfone, que vale pelo insólito, porque no fundo não acrescenta muito. Melhor é a participação da Velha Guarda em O Sol, de Casquinha e Argemiro, um forte candidato a clássico do samba de terreiro. Outros ótimos momentos são o partido Mais Velho, que parece pedir uma gravação de Zeca Pagodinho, e o pot-pourri que junta Preta Aloirada ao politicamente incorreto samba Cabelo Danado ("Nega, vou te fazer um apelo:/ Quer ser dona do meu lar?/ Cuide mais do teu cabelo /(...)/ Nega do cabelo duro, do cabelo pixaim/ Tenho visto cabelo danado, mas também não é assim"). Tudo bem, correção política nunca deu samba, mesmo. Encerrando o repertório, o clássico O Ideal É Competir, gravado por Paulinho da Viola em Bebadosamba e que reflete a atual situação da Portela, há 20 anos sem conquistar um título no Carnaval: "No sucesso ou no fracasso/ pela glória do samba do Brasil". Falou e disse. (Nana Vaz de Castro)
Casquinha pode não ser o melhor cantor do mundo (principalmente quando encara tonalidades demasiado graves, como em Cantor de Sacola), mas imprime um toque especial às próprias composições, destacando-se seu suingue vocal. O maior sucesso, Recado — parceria com Paulinho da Viola que data do tempo em que o jovem Paulinho apareceu na Portela pela primeira vez — aparece aqui em dueto com o letrista Aldir Blanc, em uma de suas raras incursões à frente do microfone, que vale pelo insólito, porque no fundo não acrescenta muito. Melhor é a participação da Velha Guarda em O Sol, de Casquinha e Argemiro, um forte candidato a clássico do samba de terreiro. Outros ótimos momentos são o partido Mais Velho, que parece pedir uma gravação de Zeca Pagodinho, e o pot-pourri que junta Preta Aloirada ao politicamente incorreto samba Cabelo Danado ("Nega, vou te fazer um apelo:/ Quer ser dona do meu lar?/ Cuide mais do teu cabelo /(...)/ Nega do cabelo duro, do cabelo pixaim/ Tenho visto cabelo danado, mas também não é assim"). Tudo bem, correção política nunca deu samba, mesmo. Encerrando o repertório, o clássico O Ideal É Competir, gravado por Paulinho da Viola em Bebadosamba e que reflete a atual situação da Portela, há 20 anos sem conquistar um título no Carnaval: "No sucesso ou no fracasso/ pela glória do samba do Brasil". Falou e disse. (Nana Vaz de Castro)
Faixas