CIO NA CIDADE
Saul Barbosa (2000)
2000
Estúdio de Invenções
EI CD 009
Crítica
Cotação:
Não se deixe enganar pelo nome da musa axé Ivete Sangalo, destacado na capa desse CD de Saul Barbosa. O violonista e compositor baiano mostra mais uma vez que sua concepção musical está bem distante da mediocridade da chamada axé music, mesmo que várias de suas canções já tenham sido gravadas por medalhões desse gênero, como Netinho, Daniela Mercury ou as bandas Cheiro de Amor e Mel. Violonista de talento, formado sob as influências da bossa nova e da Tropicália, Saul estreou em disco em 1978. De lá para cá, já lançou três álbuns individuais, além de colaborar ativamente com as cantoras Margareth Menezes e Simone Moreno. Cio na Cidade (seu quarto álbum) revela um músico decidido, em suas próprias palavras, a "soltar os bichos", assumindo inclusive a missão de cantar em quase todas as faixas. O apego à tradição exibido em outras fases de sua carreira foi trocado agora por músicas mais simples e dançantes, com uma vocação mais pop. Em parcerias com 10 letristas, Saul experimenta gêneros como o samba-funk (À Luz do Perigo, parceria com Jorge Portugal), rumba (Conchinhas do Mar, com versos de Jaime Sodré e participação de Ivete Sangalo), funk (Urbano, com letra de Milton Guedes, além da instrumental Arlen) e reggae (Encontrando Você, parceria com Augusto Jatobá; Abismos e Faróis, com versos de Jorge Portugal). A essa mistura pop juntam-se também a delicada canção Meio Marota (letra de Orlando Sant’Helena), um dolente ijexá com tempero de samba-reggae (Sagrada Magia, parceria com Jaime Sodré e vocal de Roberto Mendes) e o instigante baião eletrônico que dá nome ao disco (parceria com Zé Ricardo). Tudo tratado com bom gosto e requinte musical. Em seu mergulho mais pop, Saul Barbosa sugere que música dançante e de apelo popular não precisa ser insípida, muito menos apelativa. Só fica uma dúvida: será que Saul conseguirá um lugar na comprometida programação das FMs e TVs?(Carlos Calado)
Faixas