CLARAMENTE
Jorge Mello (2000)
Crítica
Cotação:
Ligado ao chamado Pessoal do Ceará, grupo de intérpretes e compositores que marcaram a MPB dos anos 70 (Ednardo, Fagner, Belchior, Rodger, Téti e Cirino, entre outros) com gêneros musicais e ritmos do Nordeste, Jorge Mello já tem quase 30 anos de estrada profissional. Os cabelos longos desse cantor, compositor e violonista (nascido na interiorana Piripiri, no Piauí) ficaram nas fotos do passado, mas sua ligação com os ritmos e gêneros da música nordestina continua forte e presente. É o que sugerem Embolada - composição de Mello que abre o disco com um leve sabor forrozeiro, graças à participação de Cezar do Acordeon - e o xote Água Barrenta, outra sacolejante composição própria. A ingênua Numa Cidade do Interior (parceria com Cezar) imprime uma atmosfera mais nostálgica, que prossegue na versão da clássica toada Súplica Cearense (de Gordurinha e Nelinho), faixa que ressalta a habilidade de Mello como intérprete, mesmo sem contar com uma voz especialmente privilegiada.
O tom de lirismo se estende à triste Amanhã Eu Vou (de Beduíno) e à curiosa Constelações (adaptação de Mello para uma composição de Hermes Fontes e Cupertino de Menezes), com uma letra tipicamente parnasiana: “constelações, que fulgurais / iluminai as minhas lágrimas finais / carbonizai meu coração / para domar e sufocar / e exterminar essa paixão”. Já em Claramente, a faixa que empresta título ao disco, o piauiense exibe sua faceta de cantador (“sei de coisas que não podem ser domadas / nem dominadas, nem sangradas, nem medidas / é com a dor que se sente as feridas / sem sofrer só vejo histórias mal contadas”). Já na pele de um repentista, ele fecha o álbum com uma canção indignada, a curta mas incisiva Aristocracia (“se dão bem com seus iguais / vivem nos pés de uma cruz / se ajoelham pra Jesus / e comungam com Satanaz”). Uma pequena dose de um fortíssimo veneno.(Carlos Calado)
O tom de lirismo se estende à triste Amanhã Eu Vou (de Beduíno) e à curiosa Constelações (adaptação de Mello para uma composição de Hermes Fontes e Cupertino de Menezes), com uma letra tipicamente parnasiana: “constelações, que fulgurais / iluminai as minhas lágrimas finais / carbonizai meu coração / para domar e sufocar / e exterminar essa paixão”. Já em Claramente, a faixa que empresta título ao disco, o piauiense exibe sua faceta de cantador (“sei de coisas que não podem ser domadas / nem dominadas, nem sangradas, nem medidas / é com a dor que se sente as feridas / sem sofrer só vejo histórias mal contadas”). Já na pele de um repentista, ele fecha o álbum com uma canção indignada, a curta mas incisiva Aristocracia (“se dão bem com seus iguais / vivem nos pés de uma cruz / se ajoelham pra Jesus / e comungam com Satanaz”). Uma pequena dose de um fortíssimo veneno.(Carlos Calado)
Faixas