DE ONDE. *
Loop B (2000)
2000
Independente
LPB04
Crítica
Cotação:
Um dos pioneiros da música eletrônica no contexto do pop brasileiro (seu primeiro disco, Midnight Mirage, é do longínquo – em se tratando do sempre mutante pop eletrônico – 1992), Lourenço Prado Brasil, o Loop B, explora na sua área as possibilidades percussivas brasileiras no disco De Onde.*. Entre samples e programações de teclados e baterias eletrônicas, ele insere sua batucada industrial em latarias diversas – carcaças de máquinas de lavar, tampas de lata de lixo, tanques de gasolina, balas de canhão e o que mais emitir som ao ser percutido, lixado ou furado. A idéia vem dos alemães do Einstürzende Neubauten, mas os ritmos adotados são ligeiramente mais brasileiros e suingados. Deliciosos e dançantes são o forró big beats Te Pego na Estação (parceria com Stela Campos), o tecnoxaxado Brinquedo Antigo, que tem uma intenção de pífano que mais parece flautinha peruana, e o maxixe industrial Hai Kai Arrastado, com suas rabecas sampleadas. Painel Renault é a faixa mais percussiva e singular do disco – foi feita só com sons tirados a partir de um painel de um carro. Já em Ainda é Tarde, a percussão em máquina de lavar e geladeira duela com uma bateria de verdade, tocada por João Zilio – é uma das melhores faixas. Os ritmos importados dominam o disco: drum’n bass em Lua Cheia e Arroz Feijão e Banana e Paisagem de Vênus (que tem tanque de gasolina tocado com lima e processado por pedal delay) e techno na dançante Carmen e Portas Vermelhas. Ecos dos inventores alemães do Kraftwerk aparecem em Vivo, somando mais uma referência à extensa biblioteca sonora de Loop B. Tecnicamente bem realizado, De Onde.* infelizmente não chega a se destacar no painel já bastante multifacetado da música eletrônica nacional – que, por sinal, ainda deve um disco em que o crossover com a brasilidade seja realizado de forma realmente inovadora, efetiva e sem folclorismos. Os contatos com o músico podem ser feitos pelo e-mail loopb@uol.com.br.(Silvio Essinger)
Faixas