DESEJO
Nana Caymmi (2001)
Crítica
Cotação:
É impossível não se ter a impressão de que Desejo é "apenas mais outro disco" de Nana Caymmi. Leia-se: uma coleção de canções belamente arranjadas e engrandecidas pela voz única da cantora. E, ainda assim - sem, a rigor, ter defeito algum - o disco não reúne predicados suficientes para se destacar na carreira de Nana. A classe na hora de falar de amor continua a mesma (e impedindo a cantora de patinar na breguice), o cuidado na produção (mais uma vez, de José Milton) é igual ao de antes. O demérito da relativa "falta de sal" de Desejos recai então fatalmente sobre o repertório. Das 14 faixas (dez inéditas), nenhuma desperta a emoção no fã antigo - que, entretanto, não terá motivo para ficar decepcionado com o álbum - ou parece capaz de conquistar novos admiradores. A sorte é que, em uma artista com a estatura de Nana, até a redundância soa como coerência estética. Ou talvez a seja, mesmo.
Enfia uma coleção de baladas quase indistinguíveis umas das outras, ou de tantas que a cantora já vem desfiando ao longo dos anos. Só Prazer, Vinho Guardado, Naquela Noite ou a faixa-título, tudo é puro já ouvi isso antes. Este contexto até contamina a maior surpresa (potencial) do disco, a parceria entre Marcos Valle e Erasmo Carlos em Frases do Silêncio - que era para ter um certo balanço, ainda que sugerido, mas se dobra ao tom geral do álbum. Os arranjos variam de qualidade - do timbre meio plastificado dos teclados de Frases..., arranjados por Robson Jorge, à bem-sacada economia de Fogueiras, fundamentada em um sutil naipe de cordas e no piano de seu autor Ivan Lins.
Nana quebra a seqüência sentimental com a batidinha de Lero do Bolero (que não é bolero, e sim uma quase-balada pop, meio chegada ao banal) e com o sambinha Vou Ver Juliana, dividida com Zeca Pagodinho - o momento mais caloroso do disco. Outro foco de emoção genuína é a bela Seus Olhos, marchinha sutil assinada por Juliana (sobrinha de Nana). Outra sobrinha, Alice, canta com Nana e surpreende pela segurança de sua performance - notável para uma menina de 12 anos. (Marco Antonio Barbosa)
Enfia uma coleção de baladas quase indistinguíveis umas das outras, ou de tantas que a cantora já vem desfiando ao longo dos anos. Só Prazer, Vinho Guardado, Naquela Noite ou a faixa-título, tudo é puro já ouvi isso antes. Este contexto até contamina a maior surpresa (potencial) do disco, a parceria entre Marcos Valle e Erasmo Carlos em Frases do Silêncio - que era para ter um certo balanço, ainda que sugerido, mas se dobra ao tom geral do álbum. Os arranjos variam de qualidade - do timbre meio plastificado dos teclados de Frases..., arranjados por Robson Jorge, à bem-sacada economia de Fogueiras, fundamentada em um sutil naipe de cordas e no piano de seu autor Ivan Lins.
Nana quebra a seqüência sentimental com a batidinha de Lero do Bolero (que não é bolero, e sim uma quase-balada pop, meio chegada ao banal) e com o sambinha Vou Ver Juliana, dividida com Zeca Pagodinho - o momento mais caloroso do disco. Outro foco de emoção genuína é a bela Seus Olhos, marchinha sutil assinada por Juliana (sobrinha de Nana). Outra sobrinha, Alice, canta com Nana e surpreende pela segurança de sua performance - notável para uma menina de 12 anos. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas