DESTINO

Ano passado, foi a parada para a revisão do Ao Vivo. Agora, Claudinho e Buchecha, os reis do funk melody, estão de volta com Destino, um pacote com muito mais do mesmo que trouxeram nos últimos quatro CDs. Entenda-se por mais do mesmo o melhor que o gênero musical carioca pode oferecer: um produto pop eficiente, com alguma dose de qualidade musical (calcada, é verdade, no soul-pop de Lulu Santos), os refrões mais ganchudos do mercado e a inegável simpatia da dupla de MCs transformada em cantores. A malandra Berreco não esconde: é a repetição da fórmula musical do sucesso Xereta. Já Romântico Ainda Sou é um Quero Te Encontrar Parte Dois descarado, inclusive com as pausas. O docinho do disco, capaz de se tornar o grande hit é Destino, que o produtor Memê transformou numa valsinha pop em estilo Teletema. Mas além dos batidões de sempre, esse disco traz Claudinho e Buchecha atacando a área das baladas soul – Pra Ser Feliz e Sonhar e a triste Vinho Tinto – e aumentando a carga em cima do seu antigo público dos bailes funk com Canto Pra Não Sofrer Niterói – São Gonçalo, Funk Doido e Cidadão. Engraçado: nas três faixas, eles conservam os procedimentos do gênero – puxar para a frente a batida eletrônica, a listar as comunidades, distribuir alôs – mas o fazem melódica e suavemente. No departamento letra, o que a dupla tem de mais característico também foi preservado em Destino: os versos com palavras pescadas em dicionários, de uma forma ingênua que é responsável em boa parte pelo charme dos MCs. O melhor exemplo está em Descoberta, canção do tabelião vacilão, escrita em liguagem jurídica. "Olha, eu juro, não quis te ferir/ Nem sei se era eu próprio/ mas me machuquei ao perquirir/ notei o seu opróbio." Mais Claudinho e Buchecha, impossível.(Silvio Essinger)