EDISON MACHADO É SAMBA NOVO
Edison Machado (1963)
1963
Columbia
CD: 866. 024/2-476414
Crítica
Cotação:
A bossa nova trouxe os instrumentistas para o primeiro plano e alguns viraram estrelas do movimento como o baterista Edison Machado (1934-1990) à frente de uma big band de arrepiar nesta obra prima. Mesmo sem a data, esta reposição do disco nas lojas reproduzindo a contracapa original (ele já tinha sido lançado na série Mitos & Músicas, sem informação nenhuma) por inciativa do produtor Charles Gavin, dos Titãs, deve ser recebida com foguetório. Os estonteantes arranjos são do maestro Moacyr Santos, um mestre no uso de sopros (um dos muitos pontos fortes da gravação), de J.T Meireles, flautista, sax-alto e tenor, lider dos Copa 5 e do clarinetista e saxofonista Paulo Moura. Encarregam-se dos trombones Maciel (de vara) e Raulzinho (mais tarde Raul de Souza, no de válvula) e o trompete é o então promissor Pedro Paulo, que na época já tinha tocado com o jazzista Cannonball Adderley. Na cozinha, o pianista Tenório Junior, anos depois tragado pelos porões da ditadura argentina, o baixista Tião Neto e o soberano do samba chiado nos pratos, o próprio Edison Machado. Ele lidera a condução com pulso forte, como demonstra nos solos incandescentes (mas sempre adequados) de Você (Rildo Hora/ Clovis Mello).
Em outras faixas, como Menino Travesso (Moacyr Santos/ Vinicius de Moraes), pontuado por escalas rítmicas do piano de Tenório, ele dialoga diretamente com improvisos de Meirelles e Maciel, num arranjo de arquitetura ousada de Moacyr Santos. Deste também é a massacrante abertura com sopros circulares e a bateria surrando os pratos antes da entrada do absurdo solo de trombone de Raulzinho. Na sua vez, Edison cavalga os couros e vocaliza a porrada como um alucinado. O sax melífluo de Paulo Moura em Só Por Amor (Baden Powell/ Vinicius de Moraes) traça a linha de suingue permeada pelo trombone de Raulzinho. Mantendo o espírito rural (e o formato recorrente) do título, Aboio (J.T. Meirelles) abre a cortina para solos do autor e do trombone límpido de Maciel num climax de tirar o fôlego. A riqueza da combinação de timbres e as ardilosas harmonizações deste disco só fazem pensar que nem sempre o tempo anda pra frente. Em relação a tanto atraso lançado depois, o Edison Machado deste disco é que continua mandando o verdadeiro samba novo.
(Tárik de Souza)
Em outras faixas, como Menino Travesso (Moacyr Santos/ Vinicius de Moraes), pontuado por escalas rítmicas do piano de Tenório, ele dialoga diretamente com improvisos de Meirelles e Maciel, num arranjo de arquitetura ousada de Moacyr Santos. Deste também é a massacrante abertura com sopros circulares e a bateria surrando os pratos antes da entrada do absurdo solo de trombone de Raulzinho. Na sua vez, Edison cavalga os couros e vocaliza a porrada como um alucinado. O sax melífluo de Paulo Moura em Só Por Amor (Baden Powell/ Vinicius de Moraes) traça a linha de suingue permeada pelo trombone de Raulzinho. Mantendo o espírito rural (e o formato recorrente) do título, Aboio (J.T. Meirelles) abre a cortina para solos do autor e do trombone límpido de Maciel num climax de tirar o fôlego. A riqueza da combinação de timbres e as ardilosas harmonizações deste disco só fazem pensar que nem sempre o tempo anda pra frente. Em relação a tanto atraso lançado depois, o Edison Machado deste disco é que continua mandando o verdadeiro samba novo.
(Tárik de Souza)
Faixas