ELECTRO ACÚSTICO

Zero (2000)

2000
Crítica

Cotação:

O Acústico do Capital Inicial trouxe, ao menos, uma boa lição: com um banho de loja, algumas das outrora vilipendiadas bandas do Rock Brasil dos anos 80 poderiam dar um caldo nesse novo milênio de desanimadoras novidades. Se o Zero, que era até uma banda com certa respeitabilidade (graças aos seus dois lançamentos: o mini LP Passos no Escuro, de 85, e o LP Carne Humana, de 87), resolvesse seguir pelo mesmo caminho, poderíamos ter algo interessante por aí. Luxuoso e sofisticado, esse Electro Acústico marca a volta do Zero em grande estilo, com a participação de bons músicos convidados, e arranjos caprichados reunindo violões, teclados, sopros e cordas. Não chega a ser a concretização do que se dizia ser a pretensão da banda nos 80 - acabar reconhecido como uma espécie de Roxy Music brasileiro -, mas também não passa tão longe assim disso.

Com boa parte dos seus membros originais - o vocalista Guilherme Isnard, o guitarrista Eduardo Amarante e, em participações especiais, o baixista Rick Villas-Boas e o tecladista Freddy Haiat -, a banda relê os seus hits. O maior deles, Agora Eu Sei (que contava com o apoio vocal de Paulo Ricardo, então no auge do estrelato do RPM), gravado em Passos no Escuro, volta nas versões electro acústica (elegante) e electro (que parece um remix techno-heavy da original). Ainda do mini LP estão lá outros sucessos: Formosa, Os Olhos Falam, Cada Fio um Sonho e a faixa título, todas com arranjos que entregam a devoção do Zero pelo rock inglês dos anos 80. Do Carne Humana, vêm outros hits. Quimeras fica bem interessante e classuda, no grand piano de Misael da Hora, embelezado pelo vocal soul de Andréa Dutra. A faixa título, por sua vez, cresce com os toques orientais de tablas e cítara e A Luta e o Prazer (letra de Ronaldo Bastos) se revela um bom pop.

Para os mais saudosos, o Zero ainda manda um Heróis (música do seu do primeiro compacto) que, apesar de mais lento, permanece irremediavelmente new wave, com guitarra de Phillipe Seabra (Plebe Rude) e coro de Bruno Gouveia (Biquini Cavadão). Não há em Electro Acústico faixas que possam ser consideradas fracas. Mentiras, Me Solta!, Em Volta do Sol e Dedicatória estão prontas para o rádio. Enfim, se o Capital pôde, por que não o Zero?(Silvio Essinger)
 
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