AURORA DE PAZ
Elton Medeiros (2001)
Crítica
Cotação:
Inventor elegante do samba, Elton Medeiros lança seu primeiro álbum solo desde 1996 e não economizou no pacote: Aurora de Paz contém nada menos que 11 (de um total de 13) faixas inéditas, resgatando o rigor estilístico de um compositor que se apresenta em ótima forma, aos 70 anos. Junto com o recém-lançado Nasci Pra Sonhar e Cantar (de Dona Ivone Lara), este álbum prova que, para o verdadeiro samba (e os verdadeiros sambistas), não há idade "certa" para a criatividade.
O tom de Aurora da Paz é sóbrio. As músicas inéditas mostram um Elton em registro quase melancólico, impressão reforçada pela padronagem "clássica" e econômica dos arranjos (com destaque para a seção de metais). Isso não impede que o disco seja pleno de vigor criativo, mesmo detendo-se na zona mais "escura" do samba. A faixa-título - um clássico gravado originalmente em 1967 -, Samba do Meu Drama e Pra Fugir da Saudade podem ser citadas como bons exemplos desta convivência entre a melancolia e a inventividade dentro do universo do sambista. Por falar em inventividade, Elton também surpreende com criações como Conversa de Solidão e Não Te Esqueças de Mim, que casam harmonias entortantes a letras cantando, mais uma vez, as dores de amor. Outra surpresa é elegante Valsa Breve, que rompe um pouco com a seqüência de sambas e mostra a versatilidade do compositor; mesmo em "território estranho", como a valsa, ele consegue deixar sua marca pessoal. A belíssima Recato, em dueto com Zezé Gonzaga, sobressai-se como talvez o momento mais bonito do disco.
Psiquiatra, Estrela e Culpa do Santo quebram um pouco o clima nostálgico, com versos e melodias mais "para cima", na tradição do partido alto bem-humorado. Ainda há estofo para uma incursão ao chorinho (em Azulzinho), em registro 100% instrumental, que retorna em Serenata Para Trombone - o instrumento de preferência do sambista, que tem um solo do excelente Roberto Marques. Disco que marca o triunfo de um veterano que, mesmo sendo parte viva e integrante da tradição do samba, não se deixou aprisionar pelo saudosismo nem pela repetição.(Marco Antonio Barbosa)
O tom de Aurora da Paz é sóbrio. As músicas inéditas mostram um Elton em registro quase melancólico, impressão reforçada pela padronagem "clássica" e econômica dos arranjos (com destaque para a seção de metais). Isso não impede que o disco seja pleno de vigor criativo, mesmo detendo-se na zona mais "escura" do samba. A faixa-título - um clássico gravado originalmente em 1967 -, Samba do Meu Drama e Pra Fugir da Saudade podem ser citadas como bons exemplos desta convivência entre a melancolia e a inventividade dentro do universo do sambista. Por falar em inventividade, Elton também surpreende com criações como Conversa de Solidão e Não Te Esqueças de Mim, que casam harmonias entortantes a letras cantando, mais uma vez, as dores de amor. Outra surpresa é elegante Valsa Breve, que rompe um pouco com a seqüência de sambas e mostra a versatilidade do compositor; mesmo em "território estranho", como a valsa, ele consegue deixar sua marca pessoal. A belíssima Recato, em dueto com Zezé Gonzaga, sobressai-se como talvez o momento mais bonito do disco.
Psiquiatra, Estrela e Culpa do Santo quebram um pouco o clima nostálgico, com versos e melodias mais "para cima", na tradição do partido alto bem-humorado. Ainda há estofo para uma incursão ao chorinho (em Azulzinho), em registro 100% instrumental, que retorna em Serenata Para Trombone - o instrumento de preferência do sambista, que tem um solo do excelente Roberto Marques. Disco que marca o triunfo de um veterano que, mesmo sendo parte viva e integrante da tradição do samba, não se deixou aprisionar pelo saudosismo nem pela repetição.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas