ENCICLOPÉDIA MUSICAL BRASILEIRA - LUIZ BONFÁ E AS RAÍZES DA BOSSA
Luiz Bonfá (2000)
Crítica
Cotação:
O pioneirismo do violão de Luiz Bonfá pode ser comprovado nesta compilação, formada a partir de gravações dos arquivos da gravadora Continental, no período 1948-1973. As 14 faixas focalizam tanto seu trabalho de compositor, como suas inovações no papel de instrumentista. Escrevendo canções como De Cigarro em Cigarro (interpretada por Nora Ney, em 1953), Sem Esse Céu (1952) e Perdido de Amor (1953), ambas na voz de Dick Farney, Bonfá interferiu ativamente na transição do samba-canção para a bossa nova. Suas harmonias modernas e seu dedilhado sutil ao violão já chamavam atenção não só em parcerias com Tom Jobim, como Engano (cantada por Doris Monteiro, em 1956) e A Chuva Caiu (em arranjo que tende ao jazzístico, no mesmo ano), mas até na regionalista Canção do Vaqueiro (de 1951), samba-toada que destaca as interpretações de Dick Farney e Chiquinho (no acordeon). Preciosa também é a gravação de Minha Saudade, estréia de João Donato como compositor, que em 1951 ainda tocava acordeom, mas já com uma avançada concepção harmônica. Fechando a antologia, em bela gravação do cantor Agostinho dos Santos, vem Manhã de Carnaval, canção de Bonfá incluída na trilha do filme Orfeu Negro, que se tornou sua marca registrada, especialmente no exterior. Destaque também para o encarte assinado, com um revelador depoimento de Bonfá, em que relata como formulou seu estilo violonístico.
(Carlos Calado)
Faixas