FILOSOFIA
Chico Buarque / Noel Rosa / Zé Renato (2000)
2000
MP, B
325912003262
Crítica
Cotação:
Que as obras de Noel Rosa e Chico Buarque têm muito em comum parece ser indiscutível. Já em 1970 Isaurinha Garcia gravava um disco dedicado exclusivamente ao repertório dos dois. Em 2000 o grupo vocal Garganta Profunda lançou Chico & Noel em Revista. Agora Zé Renato aposta na mesma dupla com seu mais recente disco, Filosofia (música de Noel que Chico gravou em seu disco "de intérprete", Sinal Fechado, de 1974). Filosofia é aqui a faixa de abertura, começando intimista, apenas com cavaquinho (Alessandro Valente), voz e caixinha de fósforos (Beto Cazes), o resto do instrumental entrando só na segunda vez. Em seguida vem Cotidiano, em arranjo ousado, aproveitando e explorando bem a dramaticidade da própria música, com acordes pesados e belos vocalizes. O acompanhamento regional clássico (cavaquinho, violões de seis e sete cordas, bandolim, percussão) pontua o CD, em faixas como Pela Décima Vez e A Rita, e a linha mais suave vem em Até Pensei, Último Desejo e Olhos nos Olhos, que poderia ser o ponto alto disco, mas cujo arranjo acaba se tornando confuso em um determinado ponto, com a singeleza dando lugar a uma infinidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Já o sambão dá as caras com irresistível apelo em Samba do Grande Amor e Quem Ri Melhor, que conta - é claro - com a participação de Chico nos vocais.
Longe do Boca Livre, Zé Renato tem se mostrado um incurável workaholic. Nos últimos anos gravou discos com releituras das obras de Zé Kéti e Silvio Caldas, fez outro CD com Elton Medeiros e Mariana de Moraes, lançou seu disco de compositor sambista (Cabô) no princípio de 2000, brilhou na Sinfonia do Rio de Janeiro de Francis Hime, em novembro, e estréia amanhã em curta temporada no CCBB do Rio em evento de homenagem a Zé Kéti. Sua voz continua em excelente forma, límpida e cristalina. No entanto, percebe-se um certo excesso de seriedade e impostação que não combinam com músicas eminentemente bem-humoradas e informais como Homenagem ao Malandro ou mesmo Filosofia. Bem produzido, com um ótimo time de músicos (só o bandolim de Ronaldo foi inexplicavelmente maltratado na mixagem, ficando com uma sonoridade rascante demais) e arranjos competentes de Zé Renato e Leandro Braga - que também toca piano -, o disco é um belo tributo aos dois compositores que melhor captaram a essência urbana do Rio de Janeiro, seus personagens, amores e pecados.(Nana Vaz de Castro)
Longe do Boca Livre, Zé Renato tem se mostrado um incurável workaholic. Nos últimos anos gravou discos com releituras das obras de Zé Kéti e Silvio Caldas, fez outro CD com Elton Medeiros e Mariana de Moraes, lançou seu disco de compositor sambista (Cabô) no princípio de 2000, brilhou na Sinfonia do Rio de Janeiro de Francis Hime, em novembro, e estréia amanhã em curta temporada no CCBB do Rio em evento de homenagem a Zé Kéti. Sua voz continua em excelente forma, límpida e cristalina. No entanto, percebe-se um certo excesso de seriedade e impostação que não combinam com músicas eminentemente bem-humoradas e informais como Homenagem ao Malandro ou mesmo Filosofia. Bem produzido, com um ótimo time de músicos (só o bandolim de Ronaldo foi inexplicavelmente maltratado na mixagem, ficando com uma sonoridade rascante demais) e arranjos competentes de Zé Renato e Leandro Braga - que também toca piano -, o disco é um belo tributo aos dois compositores que melhor captaram a essência urbana do Rio de Janeiro, seus personagens, amores e pecados.(Nana Vaz de Castro)
Faixas