FORRÓ DO GOGÓ AO MOCOTÓ
Jackson do Pandeiro / Jarbas Mariz (2000)
Crítica
Cotação:
Quem conhece Jarbas Mariz apenas como integrante da banda do irreverente Tom Zé talvez se surpreenda ao saber que ele gravou um disco exclusivamente dedicado ao forró. Na verdade, Mariz decidiu transformar seu quarto álbum individual em uma homenagem a Jackson do Pandeiro, com quem teve o privilégio de tocar, no início dos anos 80. Nem transgressivo, nem reverente demais, o violonista e cantor acertou o tom desse tributo ao mestre do coco e do forró. A começar pelo repertório, que não dispensa alguns dos maiores sucessos de Jackson, como Chiclete Com Banana (de Gordurinha e Almira Castilho) e Sebastiana (Rosil Cavalcanti), mas que enfatiza músicas menos conhecidas entre o grande público. É o caso das divertidas Quem Tem Um, Não Tem Nenhum, de Durval Vieira e Jorge Paulo ("quem não se vira é quadrado, assim dizia vovó / homem com duas mulheres nunca lhe falta xodó / quem tem uma tá sujeito, qualquer dia ficar só"), e Vou de Tutano, de Jackson e J. Cavalcanti ("me disse um velho, que tutano todo dia / traz caloria, para um homem de quarenta / e a mulher que tiver desanimada / ficará mais assanhada do que molho de pimenta"). Curiosas também são Mulher do Aníbal (Genival Macedo e Nestor de Paula), Forró em Caruaru (Zé Dantas) e Como Tem Zé na Paraíba (Manézinho Araújo e Catulo de Paula), cujas letras sugerem como as brigas são frequentes no cotidiano dos forrós. Convidados como a banda Mestre Ambrósio, o percussionista Marcos Suzano, o sanfoneiro Toninho Ferraguti, o trombonista Bocato e a cantora Vange Milliet contribuem para os arranjos, que trazem inovações sem jamais descaracterizar o gênero. A melhor sacada vem em Cantiga do Sapo (de Jackson e Buco do Pandeiro), transformada por Mariz e Chico César num desafio de violeiros. Um tributo típico de discípulo talentoso.
(Carlos Calado)
Faixas
1
Abertura
Fala de Jackson do Pandeiro (Gravada ao vivo em 1980)
Cabeça feita (Jackson do Pandeiro-Sebastião Silva)