GONGOLÔ
Dinho Nascimento (2000)
2000
Independente
GB 002
Crítica
Cotação:
O berimbau continua a ser o instrumento principal desse percussionista, compositor e vocalista baiano, que se radicou em São Paulo, em meados dos anos 70, quando ainda integrava o grupo Arembepe. Gongolô (palavra de origem africana, usada na Bahia para designar um encontro de várias pipas no ar) soa como um desenvolvimento natural do álbum Berimbau Blues (1996), a boa estréia de Dinho Nascimento como solista. Mais uma vez, ele exibe um repertório de composições próprias, calcadas em vários ritmos e manifestações populares brasileiras, com letras que priorizam o ritmo em vez da poesia. Da faixa que abre e intitula o disco (baseada na dança folclórica do maculelê) à salsa Quero Mais É Viver, Dinho passa pelo samba de roda (Panela de Barro), pelo galope (Cavalaria num Galope) e pelo afoxé (Sou Malê), oferecendo surpresas sonoras e musicais. É o caso de Índia Ginga, faixa que mistura o berimbau, tocado no ritmo da capoeira, com a cítara indiana de Krucis – parceiro do baiano nessa composição. Em Querosene Blues, que conta com participações de Nuno Mindelis (guitarra) e Flávio Guimarães (gaita), Dinho aproveita sua nova incursão percussiva e vocal pelo blues para homenagear o pitoresco Morro do Querosene, área do bairro paulistano do Butantã, onde vive. Originais também são as recriações dos sambas Berimbau (de Baden Powell e Vinícius de Moraes) e Trem das Onze (de Adoniran Barbosa): o primeiro ganha um tempero de reggae orquestral; o segundo recebe um tratamento blueseiro, com destaque para as intervenções do berimbau. Na fusão de ritmos e sonoridades, sem preconceitos, Dinho Nascimento encontrou seu caminho musical.(Carlos Calado)
Faixas