GUERRA-PEIXE MÚSICA POPULAR
Orquestra de Salão Tira o Dedo do Pudim (1998)
1998
Independente
OSTDP 9798
Crítica
Cotação:
O nome insólito vem da gafieira e bloco carnavalesco Tira o Dedo do Pudim do Morro da Conceição, do Rio de Janeiro. Os quatro integrantes da Orquestra de Salão têm em comum o fato de serem músicos com livre trânsito e vasta quilometragem tanto na música erudita quanto na popular. É aí que mostram sua afinidade também com o maestro Guerra-Peixe (1914-1993), compositor, musicólogo, violinista e arranjador genial que, na MPB, além de influenciar uma legião de músicos, orquestrou gravações de Edu Lobo, do disco de afro-sambas de Baden e Vinicius e de outros nomes na bossa nova. Paralelamente, Guerra (como era conhecido) foi emérito professor de composição e harmonia. O violonista Samuel Araújo e o pianista Antônio Guerreiro foram dois de seus alunos (atualmente ambos são professores universitários de música), e decidiram juntar-se a Clay Protasio (contrabaixo) e Paulo Passos (sopros) nessa homenagem ao mestre. O repertório de Guerra-Peixe – Música Popular é composto por músicas de salão, faceta menos conhecida do compositor petropolitano, que na década de 40 compôs obras dodecafônicas e filiou-se ao grupo Música Viva (criado por Hans Joachim Koellreuter, introdutor do dodecafonismo no Brasil). As raras partituras das peças de salão foram encontradas por Samuel Araújo em pesquisa pela Biblioteca Nacional ou cedidas pela família do maestro. São sambas, choros, marchas, valsas, sambas-canções e um baião, incluindo parcerias com Jararaca (da dupla com Ratinho), Jair Amorim, Humberto Cunha e Norat, datados de 1940 a 1987. Das 18 faixas do CD, cinco possuem letra, em alguns casos muito engraçadas, como as marchas Ora Bola! e Com Um Dedo Só ("Foi com um dedo só/ que eu tirei a pipoquinha do nariz da minha avó"). As 13 instrumentais ganharam arranjos que as adaptaram à formação do quarteto, com destaque para o baião Falso Pau-de-Arara e para os choros Sátira, Tereré e Deu-se a Melódia, e para o samba É Você Quem Tem. A vertente popular de Guerra-Peixe, mais conhecida por sua produção de peças híbridas como os belos Prelúdios Tropicais e por seus estudos de folclore (incluindo aí a publicação de artigos e estudos), mostra aqui seu lado dançante, de salão, em oportunidade praticamente única. Os únicos problemas do disco ficam por conta da mixagem, que às vezes fazem com que a clarineta soe muito alto e o piano pareça estar sendo tocado na sala dos fundos. O lançamento é independente, e pode ser adquirido pelo e-mail tiraodedo@openlink.com.br.(Nana Vaz de Castro)
Faixas