ILHAS CRISTAIS
Tito Madi (2001)
Crítica
Cotação:
Tito Madi não pertence ao século XXI. Suas composições, seu estilo vocal, a elegância de que lança mão ao se auto-produzir; tudo relembra uma época mais doce e gentil do que o ano 2001. Não é à toa que o encarte do álbum está recheado de fotos do artista na clássica fase cantor da noite. Cantor que é a própria ponte entre a MPB pré e pós-Bossa Nova, Tito esbanja fineza em Ilhas Cristais e não se entrega fácil aos rótulos. Faz bossa sem clichês banquinho-e-violão e engendra sambas-canção sutis, selecionados entre uma enorme produção ainda inédita (ele afirma ter perto de 80 músicas guardadas e não gravadas).
O único senão possível em Ilhas Cristais é o tom de alguns sintetizadores (pilotados pelo co-produtor Alberto Chimelli), meio artificiais - o repertório pedia cordas e sopros reais. Mesmo com os possíveis escorregões, a limpeza e a economia dos arranjos merece elogios, emoldurando de forma esparsa a voz de Tito. A garganta soa ocasionalmente cansada, mas é de leve, e mesmo assim só nas raras passagens nas quais o próprio Tito se encarrega de desnudar as marcas do tempo (como em Voz e Suor). Nas nove canções assinadas pelo próprio cantor, ele flexiona seu estilo passeando pela latinidade (Celos, com letra em espanhol) e pelo Oriente (Canção Árabe), arriscando ainda uma valsa (Dançador, talvez a melhor do disco, com participação d'Os Cariocas). E festeja mesmo dentro de seu domínio pleno, nostálgicos sambas-canção como Águas Passadas e Que Assim Seja. Entre as músicas alheias escolhidas para completar o repertório próprio, Tito brilha na recriação ultra-suave de Nascente e também na já citada e emocionante Voz e Suor. O aceno a um passado pré-Bossa Nova fica explícito no resgate de Por Causa Dessa Caboca, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, que junto à referência à MPB "moderna" (presente em Fruta Boa, de Milton Nascimento e Fernando Brant), confirma a polivalência e a atemporalidade do cantor.(Marco Antonio Barbosa)
O único senão possível em Ilhas Cristais é o tom de alguns sintetizadores (pilotados pelo co-produtor Alberto Chimelli), meio artificiais - o repertório pedia cordas e sopros reais. Mesmo com os possíveis escorregões, a limpeza e a economia dos arranjos merece elogios, emoldurando de forma esparsa a voz de Tito. A garganta soa ocasionalmente cansada, mas é de leve, e mesmo assim só nas raras passagens nas quais o próprio Tito se encarrega de desnudar as marcas do tempo (como em Voz e Suor). Nas nove canções assinadas pelo próprio cantor, ele flexiona seu estilo passeando pela latinidade (Celos, com letra em espanhol) e pelo Oriente (Canção Árabe), arriscando ainda uma valsa (Dançador, talvez a melhor do disco, com participação d'Os Cariocas). E festeja mesmo dentro de seu domínio pleno, nostálgicos sambas-canção como Águas Passadas e Que Assim Seja. Entre as músicas alheias escolhidas para completar o repertório próprio, Tito brilha na recriação ultra-suave de Nascente e também na já citada e emocionante Voz e Suor. O aceno a um passado pré-Bossa Nova fica explícito no resgate de Por Causa Dessa Caboca, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, que junto à referência à MPB "moderna" (presente em Fruta Boa, de Milton Nascimento e Fernando Brant), confirma a polivalência e a atemporalidade do cantor.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas