INSEPARÁVEIS

Chitãozinho & Xororó não têm nada a dever a mais ninguém. Digo, em relação às velhas cobranças sobre "autenticidade caipira" ou "breguização do sertanejo" - a discussão morreu e não faz mais sentido, visto que a dupla já consolidou há anos seu som próprio, que pouco ou nada tem a ver com suas raízes roceiras. O curioso é que neste ...º disco de sua carreira, os irmãos resolveram promover uma volta ao interior. Ou quase volta, pelo menos. Inseparáveis é um trabalho com um pique diferente, que busca inspiração em sonoridades regionais e na velha fixação pelo country ianque. E em alguns momentos, o disco respira com vigor maior. Apesar disso, o tal romantismo, tão banal e banalizado, ainda dá as cartas. O que sobra então é mais um álbum voltado aos fãs que já sabem o que podem esperar da dupla - não muito mais além de versos sentimentais mais do que exauridos, os arranjos clichezentos (misturando solos melosos de guitarra e sintetizadores soporíferos) e os vocais característicos da dupla. Quem gosta, vai se esbaldar.

Entretanto, há artigos de interesse até para quem não é fã roxo dos dois. Por exemplo, a balançada Coração de Cowboy, com uma batida quase blues, compensa os tristes excessos que abundam no CD - como a terrível música de abertura, Um Sonho de Amor, com teclados medonhamente bregas. Fincando a bota na interior, C&X têm momentos de felicidade maior. O forró simpático de Galinhada casa bem com as influências regionais de Menina Linda. O estilão country ganha uma revisão caprichada: Vem Ni Mim surpreende, ao misturar a empolgação rancheira com sintetizadores rascantes. No mais, a xaropice continua. Seja em versões importadas (Frio da Solidão ), seja na oferenda da dupla Sandy & Junior (Que Amor É Esse, com sabor mais pop), a redundância é o limite.(Marco Antonio Barbosa)