JUSSARA
Jussara Silveira (2002)
2002
Maianga Discos
7 89836945 005 4
Crítica
Cotação:
Jussara, que antes assinava-se com o sobrenome Silveira, cometeu um disco inesperado para marcar sua estréia na gravadora Maianga. Inesperado no tom econômico dos arranjos, na escolha quase sempre inaudita do repertório (até quando centrado em medalhões da MPB) e mesmo no reencontro com sua bela voz, que não desperdiça tons e exibe afinação rara. O feliz resultado final é uma prova da versatilidade não apenas de Jussara, mas também do produtor Chico "Skank" Neves - que, ao contrário do que poderia se esperar, não injetou ares pop na música de Jussara, e sim emprestou sutileza e foco à sua interpretação. A baiana exime-se de procurar ares "modernos", deixa a voz em primeiro plano e com isso - sem excessos vocais ou instrumentais - faz um álbum arejado e agradável como poucos. Ao mesmo tempo, a simplicidade límpida da sonoridade guarda um quê de ousadia, de minimalismo. E a cantora ainda empresta coerência a todo o repertório (que vaga por inspirações afro, pega carona de leve em pitadas eletrônicas e conjuga do novato Maurício Pacheco a Chico Buarque, Tom Zé e Jorge Ben) de uma maneira que seria difícil a outros intérpretes.
A carta de intenções do disco é a faixa de abertura, Porque É Proibido Pisar na Grama, de Ben - além de pegar uma música pouco conhecida do suingueiro, Jussara desconstrói o balanço típico de Ben e estica a música por quase sete minutos, numa pegada fluida, hipnótica. Jussara, o álbum, segue reto a partir daí, sem altos e baixos. É interessante perceber como a cantora conceitua suas referências básicas, variando os climas das músicas, mas sempre com personalidade. Carapinha Dura remete à música africana, com suas guitarras inspiradas no highlife. A influência portuguesa está nas belas Caravela e Fria Claridade, ambas sutilmente adornadas por efeitos sintetizados. E a baianidade explícita de Árvore Axé, de Lucas Santanna, vem (de forma surpreendente) doce, branda. (Marco Antonio Barbosa)
A carta de intenções do disco é a faixa de abertura, Porque É Proibido Pisar na Grama, de Ben - além de pegar uma música pouco conhecida do suingueiro, Jussara desconstrói o balanço típico de Ben e estica a música por quase sete minutos, numa pegada fluida, hipnótica. Jussara, o álbum, segue reto a partir daí, sem altos e baixos. É interessante perceber como a cantora conceitua suas referências básicas, variando os climas das músicas, mas sempre com personalidade. Carapinha Dura remete à música africana, com suas guitarras inspiradas no highlife. A influência portuguesa está nas belas Caravela e Fria Claridade, ambas sutilmente adornadas por efeitos sintetizados. E a baianidade explícita de Árvore Axé, de Lucas Santanna, vem (de forma surpreendente) doce, branda. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas