LEANDRO LEHART SOLO
Art Popular / Leandro Lehart (2000)
2000
Virgin
5308780-2
Crítica
Cotação:
Esse é um disco que a Trama poderia tranqüilamente lançar. Afinal, se Jairzinho Oliveira já foi do Balão Mágico, por que alguém iria criticar hoje Leandro Lehart por ter feito coisas como Pimpolho e Amarelinha com o Art Popular? Solo traz o artista que estava escondido por baixo daquele superpopular pagodeiro. Nessa nova encarnação, surge o cantor de soul luxuoso e de sambas um pouco mais refinados, com letras que tantam fugir dos ralos clichês do gênero em que milita com o Art. Mas não se trata apenas de um disco artístico de alguém que faz parte das engrenagens da indústria. Balada soul ricamente orquestrada, Olhos, que abre o disco, é pop e comercial no melhor sentido, capaz de pegar na primeira audição, assim como o funk djavaniano em Lero-Lero, que traz algumas jogadas harmônicas interessantes. O compositor e cantor alagoano segue como referência em O Beco, que ganha um gosto de anos 70 com um piano Fender Rhodes. Faltava mesmo era uma música do próprio Djavan - pois lá vem o Navio (parceria com os filhos Flávia Virgínia e Max Vianna), com programações eletrônicas do filho de Wilson Simonal, Max de Castro. Dele, por sinal, Leandro releu o soul-samba Ela Disse Assim, do disco Samba Raro. A mais interessante e ousada regravação, porém, foi a de Esquenta Barracão, da banda frevocore de Recife Sheik Tosado - o resultado é algo como se o mangue beat encontrasse Jorge Ben Jor e o True Sounds of Philadelphia. Mas Leandro não fica só no campo do soul e derivados: ataca de sambossa em A Que Mais Deixa Saudade e dá boa interpretação, com ousada base rítmica eletrônica, a Pode Esperar ("mas a minha construção é forte/ sou madeira, sou de morte/ faça o tempo que fizer"), sucesso de Alcione. Solo tem lá sua parte menos inspirada, como as baladas Seres e Pensamento e a faixa Valsa, que peca por seguir muito de perto as idéias do cantor Seal na música Kiss From a Rose. Mas é um louvável movimento na busca por qualidade para a música comercial brasileira.
(Silvio Essinger)
Faixas