LOVE SONGS - A QUEM ME FAZ FELIZ
Ivan Lins (2002)
Crítica
Cotação:
Ano passado Ivan Lins já tinha cantado a bola: passaria a devotar muito mais tempo e carinho à sua carreira internacional do que ao mercado brasileiro. Reflexo claro desta postura é este Love Songs, álbum tetra-língue (com canções em inglês, espanhol, francês e português) e de sonoridade, digamos, "brazilian". Misturando uma ou outra música inédita a um punhado de regravações a princípio díspares, Ivan constrói um disquinho relax, sutil e suave; feito de encomenda para os consumidores ianques, que se deliciam com a pós-bossinha edulcorada e gostosa que o cantor e compositor tem lapidado, sob a égide declarada de Tom Jobim. Eclético mas seguro de sua identidade musical, Ivan transforma em "suas" canções sucessos pop de John Lennon (Love) e Stevie Wonder (Só Pra Ganhar Você, versão meio duvidosa para My Cherie Amour). Dá ares sofisticados a derramados clássicos românticos (She ou Plus Fort que Nous). Desconstrói o samba de Martinho da Vila (Ex-Amor) e amacia ainda mais a bossa nova de Jobim (Insensatez). Um (belo) dueto com a musa do jazz Jane Monheit, em Love Dance, cai como uma luva, delicado, doce. Tudo, enfim, a contento dos ouvidos gringos.
Ivan segue aprimorando seu canto, longe dos agudos agônicos do passado (ainda que ele continue arfando um pouco entre os versos). A produção de Roberto Menescal é elegante, lapidada, sem excessos sonoros. No entanto, não há o que disfarce o cheiro de brasilidade meio plastificada - nos arranjos muito padronizados, na batidinha bossa-nova da bateria (de Teo Lima), no clima de musak que irrompe à superfície aqui e ali. Como em All the Things You Are ou mesmo no sambinha a que se reduz She (insuperavelmente brega, mas de linda melodia). Num limbo entre a bossa de free shop e o tal do brazilian jazz trafegam também as poucas inéditas que Ivan fez para o disco. Lua do Arpoador e Fogueiras seguem texturas e intenções já vistas no disco anterior, Jobiniando. Há novidade, entretanto, em Ti Amo (esta com letra em italiano e sonoridades que remetem à Ennio Morricone) e na envolvente melodia de Visionários, talvez a mais espontânea canção do disco. No mais, um bom disco. For export, mas um bom disco. (Marco Antonio Barbosa)
Ivan segue aprimorando seu canto, longe dos agudos agônicos do passado (ainda que ele continue arfando um pouco entre os versos). A produção de Roberto Menescal é elegante, lapidada, sem excessos sonoros. No entanto, não há o que disfarce o cheiro de brasilidade meio plastificada - nos arranjos muito padronizados, na batidinha bossa-nova da bateria (de Teo Lima), no clima de musak que irrompe à superfície aqui e ali. Como em All the Things You Are ou mesmo no sambinha a que se reduz She (insuperavelmente brega, mas de linda melodia). Num limbo entre a bossa de free shop e o tal do brazilian jazz trafegam também as poucas inéditas que Ivan fez para o disco. Lua do Arpoador e Fogueiras seguem texturas e intenções já vistas no disco anterior, Jobiniando. Há novidade, entretanto, em Ti Amo (esta com letra em italiano e sonoridades que remetem à Ennio Morricone) e na envolvente melodia de Visionários, talvez a mais espontânea canção do disco. No mais, um bom disco. For export, mas um bom disco. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas