MAGA - AFROPOPBRASILEIRO
Margareth Menezes (2002)
Crítica
Cotação:
Margareth Menezes procura, em Maga, recuperar o tempo que perdeu - ou que lhe tomaram - quando Salvador começou a exportar axé para todo o país. E ela, precursora legítima do estilo (começou ainda na seara do samba-reggae), ficou num limbo, observando a música carnavalesca baiana ser cristalizada por Daniela Mercury e banalizada por tantos Tchans & clones quetais. O trampolim que a moça empregou neste ressurgimento foi a adesão de Carlinhos Brown, svengali do pop soteropolitano, que colocou a potente voz de Margareth no contexto de seu afropop. A parceria com Brown deve ter ajudado na recondução da cantora ao seio das grandes gravadoras (ela estava indie desde 1995). Em termos musicais, a produção do genro de Chico Buarque, junto a Alê Siqueira, busca um meio termo entre as invencionices alfagamabetizadas e o axé de acepção ampla. Talvez por cautela, pelo fato de estar há tanto tempo sem gravar, Margareth amansou um pouco sua conhecida contundência. Maga soa mais maduro e pop, mas também um tiquinho domesticado demais, límpido demais, meio aparentado às soluções ecléticas que Daniela Mercury e Ivete Sangalo - ambas participam do álbum, aliás - têm encontrado para modernizar o axé. Fundamentalmente, a cantora do potente samba-reggae Eleijibô ainda é a mesma. Só pisou no freio, visando um enquadramento mais pop e universal. E isso não chega a ser errado.
Os novos caminhos que Margareth se impõe assumem várias nuances. Recorrendo à dita nova MPB, a cantora consegue bom caldo nas versões para Mãe de Leite e Lua Candeia. Essas, junto com a balada Preciso, compõem uma porção mais cool, contida, do disco. Uma faceta para a qual a produção econômica, sem exageros, de Brown parece cair muito bem. Mas o rei do Candial se dá melhor como compositor (dividindo Negro Doce, talvez a mais bela do disco, com Margareth) do que atrás da mesa de som. O tal afropop se manifesta aqui e ali, só que mais perigosamente perto do axé convencional do que da suposta revolução que estaria contida na proposta original. Assim, saltam aos ouvidos a boa (e irônica, talvez?) Moderninha, a sacolejante passagem por Do Mar, do Céu, do Campo, de Belchior, e, claro, o momento mais esperado do disco - Cai Dentro, dividida com Mercury e Sangalo. Do encontro entre as superstars baianas e a, aham, "prima pobre", sai um momento alegre, mas ao qual falta a faísca de outras eras.(Marco Antonio Barbosa)
Os novos caminhos que Margareth se impõe assumem várias nuances. Recorrendo à dita nova MPB, a cantora consegue bom caldo nas versões para Mãe de Leite e Lua Candeia. Essas, junto com a balada Preciso, compõem uma porção mais cool, contida, do disco. Uma faceta para a qual a produção econômica, sem exageros, de Brown parece cair muito bem. Mas o rei do Candial se dá melhor como compositor (dividindo Negro Doce, talvez a mais bela do disco, com Margareth) do que atrás da mesa de som. O tal afropop se manifesta aqui e ali, só que mais perigosamente perto do axé convencional do que da suposta revolução que estaria contida na proposta original. Assim, saltam aos ouvidos a boa (e irônica, talvez?) Moderninha, a sacolejante passagem por Do Mar, do Céu, do Campo, de Belchior, e, claro, o momento mais esperado do disco - Cai Dentro, dividida com Mercury e Sangalo. Do encontro entre as superstars baianas e a, aham, "prima pobre", sai um momento alegre, mas ao qual falta a faísca de outras eras.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas