MANDINGA DE AMOR
Ricardo Vilas (2001)
2001
Cult Mix
cp1035
Crítica
Cotação:
Ricardo Villas faz MPB para gringo ouvir. Nessa constatação não vai nenhuma ofensa, visto que o cantor e compositor radicou-se em Paris há bastante tempo e lá dedica-se a divulgar nossa musicalidade. Em Mandinga de Amor, seu primeiro álbum a dar as caras por aqui em muito tempo, ele exercita uma interessante síntese de referências. Com a proposta (implícita) de ser um embaixador da MPB na Europa, Ricardo passeia sem maiores pruridos por diversos gêneros e ritmos - que às vezes vêm misturados a toques de world music (uma discreta latinidade, influências de pop africano). Vilas é compositor prolífico e generoso - o álbum tem 17 faixas - e vocalista de timbre agradável, sem maiores arroubos como intérprete. Trata-se de um trabalhinho despretensioso, mas feito com esmero, que pode cair no gosto de turistas e naturais.
Um groove manso, quase Brazilian jazz, domina o disco. Mesmo nos momentos mais balançados, Vilas não deixa a folia virar anarquia. Ele cai no samba-rock em Pro que Der e Vier, retoma a batucada (com um certo ar de latinidad) em Me Dá Me Dá e recupera o prumo no balanço macio de Mulher Brasileira. Demonstrando seu ecletismo, o cantor bota um pé no Nordeste com Alimento da Mente e Festa no Céu e ao mesmo tempo exibe influências do high life africano na sacolejante Cidade Selva. Há ainda espaço para o pop funkeado, com direito a um vocal quase rap, em Meio Mal Meio Bem. O mesmo registro é usado para a versão de Construção - sim, a de Chico - que parece ter sido incluída para dar maior dignidade ao disco. Não destoou.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas