MARICOTINHA
Maria Bethânia (2001)
Crítica
Cotação:
Maria Bethânia chega aos - na verdade, ultrapassa - os 35 anos de carreira demonstrando uma capacidade de reciclagem pouco vista entre as vozes de sua geração. Mas, ao mesmo tempo, ainda que abrace a obra de compositores novos e faça pé firme para gravar um disco quase que só de inéditas (ao contrário dos contemporâneos Gal e Dori), mantém-se fundamentalmente a mesma. Ou seja, sempre em mutação. A voz mais dramática da MPB nas últimas três décadas lasca um álbum suave, que atesta sua maturidade estética, vocal e de escolha de repertório. E também sua capacidade de soar eclética e sempre coesa, incorporando variadas ambiências sonoras e tornando-as todas parte inconfundível de sua música.
A sonoridade ibérica - via o violão de Jaime Além - em Dona do Dom, lírica oferenda de Chico César, é só a primeira das suaves surpresas de Maricotinha. Alternando climas e sonoridades, Bethânia desmonta expectativas, mas nunca soa incoerente. Boa parte do álbum vem num embalo plangente, de arranjos orquestrados e melífluos. A bela Moça do Sonho, do musical Cambaio, ganha ambientação luxuosa, com cordas delicadas contra a bela harmonia de Edu Lobo. Mais cordas dominam as versões de Primavera (esta em uma interpretação genuinamente emocionante de Bethânia), Quando Você Não Está Aqui - mais uma da safra temporã de Herbert Vianna, uma bela melodia quase pop -, Água e Pão e Antes que Amanheça. A riqueza melódica de Noite de Estrelas, muito valorizada pela modulação impecável da cantora, merece destaque igual. No outro lado da moeda, o da rusticidade, destaca-se O Canto de Dona Sinhá, gentil e quase brejeira. Também rústica, mas menos agradável, é a arrastada Juntar o que Sentir, de Renato Teixeira. A Bethânia cantora dos desamores ressurge em Se Eu Morresse de Saudade, um samba sutil de Gilberto Gil. Como potencial sucesso comercial, desponta Depois de Ter Você (de Adriana Calcanhotto), de melodia redonda e um belo solo de trompete de Márcio Montarroyos.(Marco Antonio Barbosa)
A sonoridade ibérica - via o violão de Jaime Além - em Dona do Dom, lírica oferenda de Chico César, é só a primeira das suaves surpresas de Maricotinha. Alternando climas e sonoridades, Bethânia desmonta expectativas, mas nunca soa incoerente. Boa parte do álbum vem num embalo plangente, de arranjos orquestrados e melífluos. A bela Moça do Sonho, do musical Cambaio, ganha ambientação luxuosa, com cordas delicadas contra a bela harmonia de Edu Lobo. Mais cordas dominam as versões de Primavera (esta em uma interpretação genuinamente emocionante de Bethânia), Quando Você Não Está Aqui - mais uma da safra temporã de Herbert Vianna, uma bela melodia quase pop -, Água e Pão e Antes que Amanheça. A riqueza melódica de Noite de Estrelas, muito valorizada pela modulação impecável da cantora, merece destaque igual. No outro lado da moeda, o da rusticidade, destaca-se O Canto de Dona Sinhá, gentil e quase brejeira. Também rústica, mas menos agradável, é a arrastada Juntar o que Sentir, de Renato Teixeira. A Bethânia cantora dos desamores ressurge em Se Eu Morresse de Saudade, um samba sutil de Gilberto Gil. Como potencial sucesso comercial, desponta Depois de Ter Você (de Adriana Calcanhotto), de melodia redonda e um belo solo de trompete de Márcio Montarroyos.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas