MARIA DE FÁTIMA PALHA FIGUEIREDO
Fafá de Belém (2000)
Crítica
Cotação:
Uma excelente intérprete como Fafá de Belém estava devendo a seu público um CD à altura de sua voz. Maria de Fátima Palha Figueiredo pode não ser ainda o ideal mas pelo menos é um CD em que não precisamos ficar pulando faixas. De volta ao bom repertório com acabamento chique, Fafá fez um disco cujo conceito é basicamente o de uma nostalgia romântica bem brasileira, dos anos 50 aos 90 – de Adelino Moreira (Devolvi) a Herbert Vianna e Paula Toller (Nada por Mim). A produção de José Milton privilegiou arranjos acústicos, com direito a cordas que não acabam mais, e deu à cantora um tratamento de Nana Caymmi (com quem ele vem trabalhando há sete anos) – e tome bolero e samba-canção! Felizmente, Fafá é uma intérprete tão marcante que a produção não conseguiu descaracterizá-la. Um dos grandes pontos positivos do CD é que ela está cantando com voz perfeita, sem exageros e em tons adequados, como fazia nos anos 70, época de seus LPs memoráveis, como Água, Banho de Cheiro e Estrela Radiante. Embora Fafá pudesse cantar envolta em arranjos um pouco mais simples, leves e com um frescor pop, o CD não decepciona. Ao contrário, vai surpreender os antigos fãs. Com seu carisma vocal, Fafá transforma canções lançadas por cantores bregas, como Waldick Soriano (Tortura de Amor) e Moacyr Franco (Ninguém Chora por Mim) em pepitas, da mesma forma que imortalizou A Medida da Paixão (Lenine e Dudu Falcão). Seus velhos clássicos, Sob Medida e Foi Assim foram regravados e são sempre bem-vindos. Meu Nome É Ninguém, cavalo de batalha do grande Miltinho, é relida por ela, com direito a flugelhorn sensual de Márcio Montarroyos. Ao todo são 13 faixas, sendo que as três arranjadas por Cristóvão Bastos ficaram moles demais – O Amor em Paz, Nada por Mim (em bossa nova) e Cansei de Ilusões –, da mesma forma que ele fizera em faixas dos novos CDs de Gal Costa e Emílio Santiago. Cristóvão poderia ter aproveitado melhor a verve pulsante da cantora. Os demais arranjos ficaram a cargo de Leandro Braga, Eduardo Souto Neto e Chiquinho de Moraes, que se saíram melhor dentro da idéia do disco, que é a recriação do repertório com orquestra à la anos 50. Fafá está chique, mas seu disco deve agradar mais ao público de meia idade. Esperamos que nos próximos trabalhos ela continue não abrindo mão da qualidade, porém rejuvenesça mais o repertório e o acabamento de seu som. Noves fora, pode-se considerar esse disco como uma volta à Fafá dos bons tempos.(Rodrigo Faour)
Faixas