MARTINHO DA VILA DA ROÇA E DA CIDADE
Martinho da Vila (2001)
Crítica
Cotação:
Poucos sambistas (talvez nenhum) conseguem trafegar com tanta desenvoltura na ponte que liga o samba urbano à sua vertente rural e folclórica como Martinho da Vila. O partideiro até usa essa óbvia característica de sua obra para dar nome a este que é seu 32º álbum. Sem maiores ousadias ou guinadas estéticas, Martinho cercou-se de parceiros tradicionais, convocou mais uma vez Rildo Hora para assinar produção e arranjos e - a partir do samba-enredo que compôs para o carnaval 2001 da escola de samba Vila Isabel - construiu quase um álbum conceitual sobre sua dualidade criativa entre roça e cidade.
As influências de ritmos regionais, notadamente o calango (vindo de Minas) e o forró, se alternam com momentos mais declaradamente urbanos - quando Martinho abre a guarda ao romantismo, mas sem deixar a peteca cair para o lado do bregode. A junção das duas tendências rende a canção que é a síntese perfeita do álbum - a faixa-título, na qual Martinho canta, maroto, "Quando eu tô no forró / Tô na roça e na cidade". A batidinha de samba "calangueado", com pandeiro e acordeom, casa muito bem com a metaleira "gafieirística" do arranjo. Também na junção entre urbanidade e caipirice, Martinho apresenta Linha do Ão, Mineiro-Pau e Festa de Caboclo (esta última recuperada do folclore afro-brasileiro).
Na outra vertente do álbum, o romantismo, o veterano capricha em sambas dolentes, macios - Nunca Amei Ninguém Tão Sexy e Penetrante Olhar são bons exemplos, pinçadas entre as várias canções de andamento menos acelerado que dão uma cara "tranqüila" ao resultado final do disco. Plácida também é a rara parceria entre Martinho e Ivan Lins, Presente aos Fãs. O sambão mesmo dá as caras na regravação de Estado Maravilhoso Cheio de Encantos Mil, samba-enredo composto para a Vila Isabel no carnaval de 2001, e em Dona Ivone Lara, em homenagem à matrona do partido alto. (Marco Antonio Barbosa)
As influências de ritmos regionais, notadamente o calango (vindo de Minas) e o forró, se alternam com momentos mais declaradamente urbanos - quando Martinho abre a guarda ao romantismo, mas sem deixar a peteca cair para o lado do bregode. A junção das duas tendências rende a canção que é a síntese perfeita do álbum - a faixa-título, na qual Martinho canta, maroto, "Quando eu tô no forró / Tô na roça e na cidade". A batidinha de samba "calangueado", com pandeiro e acordeom, casa muito bem com a metaleira "gafieirística" do arranjo. Também na junção entre urbanidade e caipirice, Martinho apresenta Linha do Ão, Mineiro-Pau e Festa de Caboclo (esta última recuperada do folclore afro-brasileiro).
Na outra vertente do álbum, o romantismo, o veterano capricha em sambas dolentes, macios - Nunca Amei Ninguém Tão Sexy e Penetrante Olhar são bons exemplos, pinçadas entre as várias canções de andamento menos acelerado que dão uma cara "tranqüila" ao resultado final do disco. Plácida também é a rara parceria entre Martinho e Ivan Lins, Presente aos Fãs. O sambão mesmo dá as caras na regravação de Estado Maravilhoso Cheio de Encantos Mil, samba-enredo composto para a Vila Isabel no carnaval de 2001, e em Dona Ivone Lara, em homenagem à matrona do partido alto. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas
Ai que saudade que eu tenho (Martinho da Vila)