MENSAGEIRO DA PAZ
Gerson King Combo (2001)
Crítica
Cotação:
O tempo parou para Gerson King Combo antes mesmo de 1986 - a última vez em que ele pisou num estúdio antes deste Mensageiro da Paz. Para GKC, funk não é Bonde do Tigrão, e sim James Brown. Black music nacional é Tim Maia, não Jairzinho de Oliveira. E é assim, à moda antiga, que o veterano se (re)apresenta para a geração digital. Tudo é velho no álbum, do próprio estilo vocal de King Combo (inspirada em ícones como Barry White e o próprio Tim) ao discurso black is beautiful, passando pelos arranjos que praticamente dispensam samplers e sintetizadores. Essa constatação não é, de forma alguma, depreciativa. O fato de King Combo aparentemente ignorar todas as possíveis evoluções da música negra nos últimos vinte e tantos anos soa mais como testemunho de fé (à suas raízes musicais) do que como estagnação.
O soul brother original até tentou dar uma camuflagem 2001 a seu retorno. Convocou o Cidade Negra para dar uma forcinha em Força e Poder e relaciona uma série de nomes novos da música negra brasileira na letra de Eu Soul - que mistura Pepê & Neném com Messiê Lima e Rômulo Costa. E chega a incluir gírias contemporâneas, como "A chapa fica quente" e "O rodo vai passar" em seus versos. Enganação. Só o que mudou realmente foi a qualidade técnica do som e a voz, já meio marcada pelos anos. Por isso mesmo que as regravações de três clássicos de sua primeira encarnação no mercado (Mandamentos Black, Uma Chance e a antológica Funk Brother Soul) não destoam nem um pouco do resto do repertório, que em grande parte leva a assinatura de Gerson.
O que resta do álbum é o suficiente para compor um convincente álbum de funk-soul setentão em português (ou quase, uma vez que a quantidade de brother citada por GKC nas letras é enorme). Os arranjos, providenciados pela banda Clave de Soul, são plenos de metais e backing vocals caprichados, cabendo como uma luva na performance de Gerson - que pode ter perdido um pouco da garganta mas que continua suingando bem. Os grooves de Desce Daí, Eu Soul, da renovada Funk Brother Soul e Não Avance o Sinal resultaram preciosos. Mas irresistível mesmo é a levada de Personal Trainer, tão boa que até ganhou uma segunda versão, instrumental, para fechar o disco. E que talvez seja até melhor que a original, pois poupa o ouvinte da letra mais boba do álbum. A temperatura também baixa nas baladinhas decalcadas de Tim Maia (como Só o Tempo), que felizmente são poucas. Nada que atrapalhe o bailão da pesada deste legítimo veterano.(Marco Antonio Barbosa)
O soul brother original até tentou dar uma camuflagem 2001 a seu retorno. Convocou o Cidade Negra para dar uma forcinha em Força e Poder e relaciona uma série de nomes novos da música negra brasileira na letra de Eu Soul - que mistura Pepê & Neném com Messiê Lima e Rômulo Costa. E chega a incluir gírias contemporâneas, como "A chapa fica quente" e "O rodo vai passar" em seus versos. Enganação. Só o que mudou realmente foi a qualidade técnica do som e a voz, já meio marcada pelos anos. Por isso mesmo que as regravações de três clássicos de sua primeira encarnação no mercado (Mandamentos Black, Uma Chance e a antológica Funk Brother Soul) não destoam nem um pouco do resto do repertório, que em grande parte leva a assinatura de Gerson.
O que resta do álbum é o suficiente para compor um convincente álbum de funk-soul setentão em português (ou quase, uma vez que a quantidade de brother citada por GKC nas letras é enorme). Os arranjos, providenciados pela banda Clave de Soul, são plenos de metais e backing vocals caprichados, cabendo como uma luva na performance de Gerson - que pode ter perdido um pouco da garganta mas que continua suingando bem. Os grooves de Desce Daí, Eu Soul, da renovada Funk Brother Soul e Não Avance o Sinal resultaram preciosos. Mas irresistível mesmo é a levada de Personal Trainer, tão boa que até ganhou uma segunda versão, instrumental, para fechar o disco. E que talvez seja até melhor que a original, pois poupa o ouvinte da letra mais boba do álbum. A temperatura também baixa nas baladinhas decalcadas de Tim Maia (como Só o Tempo), que felizmente são poucas. Nada que atrapalhe o bailão da pesada deste legítimo veterano.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas