MILAGREIRO
Djavan (2001)
Crítica
Cotação:
Que alívio! Finalmente, antes de terminar o ano de 2001, um artista da MPB lança um CD de músicas inéditas, de ponta a ponta! É Djavan, que chega com Milagreiro (um título que parece até brincadeira...). Acompanhado de sua prole - Max e João Viana na banda e Flávia Virgínia como parceira -, o cantor e compositor gravou no estúdio Em Casa, montado em sua própria residência. O clima familiar contagiou o disco, que é uma delícia. Farinha abre o CD em ritmo de xote, remetendo às suas origens - a infância nordestina e os ouvidos atentos a Gonzagão. A letra, que começa esquisita - "A farinha é feita/de uma planta da família/das euforbiácias/de nome manihot utilíssima" - acaba oferecendo um refrão fácil e gostoso de se acompanhar - "Você não sabe o que é farinha boa/farinha é que a mãe/me manda lá de Alagoas!".
O disco tem as bossas típicas de Djavan, como Meu e Brilho da Noite e surpresas como Lugar Comum, com arranjos que acompanham uma letra bastante informal ("neguinho mandando ver", "e essa mulher, pura chave de cadeia"). Ladeirinha tem o piano de Renato Fonseca ponteando o lento sofrimento relatado em versos do tipo "O dia é vago/quando eu não a flagro a sorrir/para mim". Infinitude, a parceria com Flávia Virgínia, ganhou um loop que dá uma sonoridade toda especial. E a faixa-título do CD é de arrepiar: a voz da convidada Cássia Eller faz um duelo caliente com o tom flamenco do violão de Max e a guitarra de Djavan. O outro convidado é Marcus Miller, que integra seu baixo à guitarra do anfitrião em Além de Amar. Para quem gosta de detalhes: a foto do encarte que acompanha esta música deve ter sido cuidadosamente escolhida, pois combina perfeitamente com a letra e melodia. Milagreiro é para ser ouvido várias e várias vezes ao dia. É encantador perceber como Djavan consegue dar toques tão particulamente ricos às suas composições - trabalhando só com quatro músicos! E, afinal, é bom valorizar artistas que ainda criam de verdade neste país.(Mônica Loureiro)
O disco tem as bossas típicas de Djavan, como Meu e Brilho da Noite e surpresas como Lugar Comum, com arranjos que acompanham uma letra bastante informal ("neguinho mandando ver", "e essa mulher, pura chave de cadeia"). Ladeirinha tem o piano de Renato Fonseca ponteando o lento sofrimento relatado em versos do tipo "O dia é vago/quando eu não a flagro a sorrir/para mim". Infinitude, a parceria com Flávia Virgínia, ganhou um loop que dá uma sonoridade toda especial. E a faixa-título do CD é de arrepiar: a voz da convidada Cássia Eller faz um duelo caliente com o tom flamenco do violão de Max e a guitarra de Djavan. O outro convidado é Marcus Miller, que integra seu baixo à guitarra do anfitrião em Além de Amar. Para quem gosta de detalhes: a foto do encarte que acompanha esta música deve ter sido cuidadosamente escolhida, pois combina perfeitamente com a letra e melodia. Milagreiro é para ser ouvido várias e várias vezes ao dia. É encantador perceber como Djavan consegue dar toques tão particulamente ricos às suas composições - trabalhando só com quatro músicos! E, afinal, é bom valorizar artistas que ainda criam de verdade neste país.(Mônica Loureiro)