MOISÉS SANTANA
Moisés Santana (2002)
Crítica
Cotação:
Moisés Santana propõe, em seu primeiro disco, uma perspectiva renovada para o léxico tradicional da MPB. Longe de ser mais um artista "ortodoxo" que busca uma suposta modernização via eletrônica, Moisés soa autêntico em sua vontade de experimentar. Agregado a cabeças ousadas do pop brasileiro (Loop B, Rebeca Matta), o cantor e compositor inverte a equação - a invenção é o cerne de seu trabalho, que parte da estranheza para chegar ao formato mais fundamental da canção. Há um quê de reativação da vanguarda paulista no trabalho, senão no resultado final, ao menos no espírito livre e radical. Moisés, que assina sozinho 11 das 15 faixas do disco, parece conjugar a abordagem aventureira da vanguarda com a vontade de rever a tradição musical. Para isso, finca pé em conceitos fundamentais da MPB - especialmente o samba - e os mistura, sem medo, ao que há de mais moderno em termos de arranjos e formatos sonoros. Acaba com um disco maduro e muito pessoal, passo adiante na busca de novas soluções para nossa canção popular.
O gosto de Moisés pelo samba domina boa parte do disco. Os sabores são variados. Há do radicalmente eletronizado de Fineza, ao quase tradicional (não fossem por sutis dissonâncias eletrônicas no fundo) Samba da Rotina. Em Compromisso, sobressai-se uma possível conexão com o Mundo Livre S/A, pelo tom irônico do sambinha levado no cavaquinho conjugado à letra politizada ("A gente não quer só comida / quer comida mas quer inclusão"). Recriando a antiquíssima Alegria, apelando a bits, bytes, violão e um caprichado arranjo vocal, Moisés atinge uma feliz síntese de seu trabalho. Ele também navega por outras praias. Como no trip-hop presente na versão de Triste Bahia; ou dando-se ao luxo de embolar nordestinidade com cyberpunk, ao misturar triângulo e sintetizador em Marginália II. O Moisés compositor puro, que se sustenta sem os truques (no bom sentido) de produção, brilha na bela Os Dois e também na desconstruída Dizer Sim, que lembra algumas experiências da vanguarda paulista.(Marco Antonio Barbosa)
O gosto de Moisés pelo samba domina boa parte do disco. Os sabores são variados. Há do radicalmente eletronizado de Fineza, ao quase tradicional (não fossem por sutis dissonâncias eletrônicas no fundo) Samba da Rotina. Em Compromisso, sobressai-se uma possível conexão com o Mundo Livre S/A, pelo tom irônico do sambinha levado no cavaquinho conjugado à letra politizada ("A gente não quer só comida / quer comida mas quer inclusão"). Recriando a antiquíssima Alegria, apelando a bits, bytes, violão e um caprichado arranjo vocal, Moisés atinge uma feliz síntese de seu trabalho. Ele também navega por outras praias. Como no trip-hop presente na versão de Triste Bahia; ou dando-se ao luxo de embolar nordestinidade com cyberpunk, ao misturar triângulo e sintetizador em Marginália II. O Moisés compositor puro, que se sustenta sem os truques (no bom sentido) de produção, brilha na bela Os Dois e também na desconstruída Dizer Sim, que lembra algumas experiências da vanguarda paulista.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas