MOMENTOS QUE MARCAM DEMAIS

Momentos não é um disco de exceção da carreira de Sandra de Sá – parece mesmo, como sugere o título, um resumo do que ela veio fazendo nos 20 anos de carreira. Tem, por exemplo, a boa Sandra funkeira de Olhos Coloridos – aqui reprocessada via Gabriel o Pensador em Dançando com a Vida. Tem a das baladas soul classe A, como se pode ouvir na sensual Momentos Que Marcam, de Paulo Zdan e Marcos Netto. Tem a eventualmente roqueira, entrando na onda de Cássia Eller-Nando Reis em Um Tiro no Coração. E tem, por fim, aquela em seus rasgos de ousadia, gravando Soul, reggae de Pedro Luís que não renega o título, ainda mais com a cantora em antológico dueto com Falcão, do Rappa. Mas Momentos é também (e principalmente) um disco para que Sandra explore aquele romantismo de grande apelo nas rádios. Fogueira, de Paulinho Soledade e Paulo Henrique, é tiro certo: ainda mais por que segue de (muito) perto as melodias e o arranjo de Change The World, faixa que o craque das produções R&B Babyface armou tempos atrás para que o guitarrista Eric Clapton ficasse mais um tempinho nas paradas. Na mesma categoria de Fogueira podem ser incluídas as baladas Outra Onda (a de Peninha), A Cor do Teu Sorriso, Morrer de Amor (que é – e só poderia ser – puro Roupa Nova) e Viagem de Amor. Nenhuma surpresa em se tratando de Sandra de Sá, que respeita as regras do jogo, mas mesmo assim não deixa de imprimir em qualquer interpretação que seja a sua inegável personalidade de rainha do soul brasileiro. (Silvio Essinger)