NADANDO COM OS TUBARÕES
Charlie Brown Jr. (2000)
2000
Virgin
364 530785 2
Crítica
Cotação:
A cada álbum o Charlie Brown Jr. evolui um pouco. O que não significa que em Nadando com os Tubarões, o seu terceiro, a banda santista tenha abdicado de sua temática skatista, ou de ser a representante "da galera" ou mesmo que tenha sufocado seu ímpeto hardcore. Não, está tudo lá, sem tirar nem pôr. Voltam aquelas letras diretas, cantadas no dialeto da juventude que a banda representa, falando de skate, drogas, garotas, amor, sexo e dessa porcaria de país. As músicas continuam aceleradas, firmes na pegada, com guitarras sólidas, distorcidas mas límpidas, que são energia pura. Da faixa de abertura, Rubão a Transar no Escuro, passando por Talvez a Metade do Caminho, O Penetra (ambas têm cara de hit), Tudo Mudar, Ouviu Se Falar e Essa É Por Quem Ficou Para Trás, é o hardcore melódico que manda, interpretado com assustadora eficiência e gravado com mestria. Mas quem quiser saber do bagulho, vai ter que procurar em outros cantos do disco. Ele está em Ralé, a mais inventiva faixa de Nadando, um funk cheio de groove, com trumpete à la Herp Albert fazendo a cama ideal para que o versador Chorão deite e role. Ou então no reggae Não é Sério, na linha do hit Zóio D Lula (do disco anterior), em que o vocalista se entrega ao mantra "Vejo na TV/ o que eles falam sobre o jovem/ não é sério/ O jovem no Brasil/ nunca é levado a sério" com auxílio da cantora Negra Lee. E ainda há as vinhetas Amor Pelas Ruas e Fundão, na medida para que Champignon mostre os seus dotes contrabaixísticos.
No processo de evolução, o Charlie Brown Jr. também buscou uma aproximação com a música dos jovens engajados da periferia paulistana, o rap. Em A Banca, eles atacam de Cypress Hill com os rappers do RZO, com levada de baixo acústico e citação da polêmica Isso Aqui É uma Guerra, do Facção Central. Já em Somos Extremes no Esporte e na Música, chega a vez de os manos absolverem os skatistas da banda do crime de alienação. "Somos todos streeteiros/ vagabundo é mau/ mas minha cara e meu estilo/ (sic) é bem overall", cantam todos. E as pranchas com rodinhas voltam, mais para o fim do disco, de forma irônica em No Desafio, Ibiraboys: "Os skatistas estão chegando", canta Chorão, emulando um possível Jorge Ben Jor. O disco, infelizmente, acaba meio perdido, com Trocando uma Idéia com Deus, mas aí ele já havia cumprido sua função: dar aos adolescentes roqueiros do Brasil alento por mais um ano e pouco, até mais um lançamento. Mas nisso tudo, o que importa é o seguinte: Nadando com os Tubarões prova que, no seu segmento, o Charlie Brown Jr. não fica devendo nada a nenhuma banda estrangeira. Vai ser uma falta irreparável no Rock In Rio 3.(Silvio Essinger)
No processo de evolução, o Charlie Brown Jr. também buscou uma aproximação com a música dos jovens engajados da periferia paulistana, o rap. Em A Banca, eles atacam de Cypress Hill com os rappers do RZO, com levada de baixo acústico e citação da polêmica Isso Aqui É uma Guerra, do Facção Central. Já em Somos Extremes no Esporte e na Música, chega a vez de os manos absolverem os skatistas da banda do crime de alienação. "Somos todos streeteiros/ vagabundo é mau/ mas minha cara e meu estilo/ (sic) é bem overall", cantam todos. E as pranchas com rodinhas voltam, mais para o fim do disco, de forma irônica em No Desafio, Ibiraboys: "Os skatistas estão chegando", canta Chorão, emulando um possível Jorge Ben Jor. O disco, infelizmente, acaba meio perdido, com Trocando uma Idéia com Deus, mas aí ele já havia cumprido sua função: dar aos adolescentes roqueiros do Brasil alento por mais um ano e pouco, até mais um lançamento. Mas nisso tudo, o que importa é o seguinte: Nadando com os Tubarões prova que, no seu segmento, o Charlie Brown Jr. não fica devendo nada a nenhuma banda estrangeira. Vai ser uma falta irreparável no Rock In Rio 3.(Silvio Essinger)