NATION
Sepultura (2001)
2001
Roadrunner Records
6570-2
Crítica
Cotação:
Depois de dois anos de depuração, o Sepultura volta com Nation, seu segundo álbum com o vocalista americano Derrick Green, substituto do líder Max Cavalera, que brigou com os músicos em 96, saiu e mais tarde fundou a banda Soulfly. Lenda mundial do heavy metal, esta que é a banda brasileira de rock mais bem-sucedida no exterior faz um disco redondinho, que soa bem, mas não traz grandes novidades para quem acompanha sua carreira, cujo ápice criativo foi o álbum Roots (96), um épico da fusão de metal com ritmos e sons brasileiros - e o último com Max. Em Nation, estão lá as mesmas dinâmicas, as mesmas entonações vocais, a mesma parede de guitarras e o mesmo estilo de riff que serviram de matriz para toda uma geração nu metal (o novo metal americano). O que há de diferente é o uso de algumas jogadinhas eletrônicas na mixagem (em especial na boa faixa One Man Army), um trabalho mais apurado de timbres na guitarra de Andreas Kisser e uma interessante intervenção reggae do músico Dr. Israel em Tribe To a Nation.
Ah, e não podemos esquecer que Nation é uma investida do Sepultura no campo dos álbuns conceituais, em que um tema amarra todas as letras do disco. A arte da capa, com inspiração na vanguarda russa da primeira metade do século (já explorada por bandas eletrônicas européias como KMFDM e Laibach), embala as idéias da banda de fundação de uma "Nação Sepultura" a partir de sangue, suor e sonhos e de toda a revolta contra o estado de coisas da política mundial dos dias de hoje. "Uma nação acima de todas, fundada em nossa fé", urra (em inglês, é claro) Derrick, em Sepulnation. Alguns slogans pacifistas reforçam a disposição da banda de que o mundo mude para melhor, sem tanta violência (que não a do seu som, é evidente). Mas o melhor é prestar atenção no som, que continua de primeira - Igor ainda é o maior baterista de metal em atividade e Derrick, apesar de ainda estar muito na cola de Max, se diferencia ao injetar melodia em faixas como One Man Army, The Ways of The Faith (mais gótica e lenta), Water (mais climática, com baixo acústico).
Algumas faixas de Nation pegam logo de primeira, como é o caso de Sepulnation, Vox Populi e Reject. Na boa Politricks, o vocalista dos históricos punks Dead Kennedys, Jello Biafra, dá o seu irado recado. Tem ainda hardcore do bom em Revolt e Human Cause, macumbão funk em Uma Cura (com baixo de Marinho, do Pavilhão 9) e batucada com fúria metal em Saga. O disco acaba com a orquestral Valtio, o hino da Sepulnation, tocada pelo quarteto de cellos finlandês do Apocalyptica (que costuma gravar discos só com repertório das bandas heavy). Como sempre, a edição brasileira dos discos do Sepultura traz faixas bônus, que acabam saindo lá fora em como recheio dos singles. A mais curiosa em Nation é a versão do sombrio clássico do pós-punk Bela Lugosi Is Dead (do Bauhaus), que se adaptou bem aos contornos da banda. Ele vem junto com as releituras dos hardcores Annihilation (do Crucifix) e Rise Above (do Black Flag, com ajuda nos vocais de João Gordo, dos Ratos de Porão), da versão demo de Saga (e não Revolt, como está no encarte) e uma gravação ao vivo de Roots Bloody Roots (do disco Roots). Quem é da Sepulnation vai curtir. (Silvio Essinger)
Ah, e não podemos esquecer que Nation é uma investida do Sepultura no campo dos álbuns conceituais, em que um tema amarra todas as letras do disco. A arte da capa, com inspiração na vanguarda russa da primeira metade do século (já explorada por bandas eletrônicas européias como KMFDM e Laibach), embala as idéias da banda de fundação de uma "Nação Sepultura" a partir de sangue, suor e sonhos e de toda a revolta contra o estado de coisas da política mundial dos dias de hoje. "Uma nação acima de todas, fundada em nossa fé", urra (em inglês, é claro) Derrick, em Sepulnation. Alguns slogans pacifistas reforçam a disposição da banda de que o mundo mude para melhor, sem tanta violência (que não a do seu som, é evidente). Mas o melhor é prestar atenção no som, que continua de primeira - Igor ainda é o maior baterista de metal em atividade e Derrick, apesar de ainda estar muito na cola de Max, se diferencia ao injetar melodia em faixas como One Man Army, The Ways of The Faith (mais gótica e lenta), Water (mais climática, com baixo acústico).
Algumas faixas de Nation pegam logo de primeira, como é o caso de Sepulnation, Vox Populi e Reject. Na boa Politricks, o vocalista dos históricos punks Dead Kennedys, Jello Biafra, dá o seu irado recado. Tem ainda hardcore do bom em Revolt e Human Cause, macumbão funk em Uma Cura (com baixo de Marinho, do Pavilhão 9) e batucada com fúria metal em Saga. O disco acaba com a orquestral Valtio, o hino da Sepulnation, tocada pelo quarteto de cellos finlandês do Apocalyptica (que costuma gravar discos só com repertório das bandas heavy). Como sempre, a edição brasileira dos discos do Sepultura traz faixas bônus, que acabam saindo lá fora em como recheio dos singles. A mais curiosa em Nation é a versão do sombrio clássico do pós-punk Bela Lugosi Is Dead (do Bauhaus), que se adaptou bem aos contornos da banda. Ele vem junto com as releituras dos hardcores Annihilation (do Crucifix) e Rise Above (do Black Flag, com ajuda nos vocais de João Gordo, dos Ratos de Porão), da versão demo de Saga (e não Revolt, como está no encarte) e uma gravação ao vivo de Roots Bloody Roots (do disco Roots). Quem é da Sepulnation vai curtir. (Silvio Essinger)
Faixas