NOME SAGRADO - BETH CARVALHO CANTA NELSON CAVAQUINHO
Beth Carvalho (2001)
Crítica
Cotação:
A dramaticidade beirando o trágico das músicas de Nelson Cavaquinho, à primeira vista, pode parecer incompatível com o eterno sorriso de Beth Carvalho, ostentado em todas as 23 fotos do encarte do disco. Como discípula, entretanto, Beth sempre soube respeitar e dar voz ao Nome Sagrado de Nelson José da Silva. À venda nas bancas por R$ 14,90, o álbum/fascículo serve de alento aos grandes conhecedores ou àqueles que nada sabem da obra de Nelson, vértice soberano entre os maiores compositores da Mangueira em todos os tempos, ao lado de Cartola e Geraldo Pereira. Com o respaldo de quem acompanhou - e carregou - Nelson pelos botequins da vida, Beth imprime compassos definitivos sobre canções geniais e pouco conhecidas do compositor, sem deixar os clássicos de fora. A faixa-título oferece a noção do legado sacro do sambista: "Mulher é nome pra ser respeitado/a cobra não morde uma mulher gestante/porque respeita seu estado interessante".
O pessimismo profano de Luz Negra, Rugas, Degraus da Vida e A Flor e o Espinho, esta com a contribuição decisiva de Guilherme de Brito, ganha contornos típicos de outro Nelson, o Rodrigues, no amor traído pelo amigo de Notícia: "o cigarro deixado em meu quarto é a marca que fumas/confessa a verdade/não deves negar". Zeca Pagodinho faz a vez de Chico Buarque (que havia gravado a canção anteriormente) na hospitalar Dona Carola. Wilson das Neves transcende as baquetas e emposta a voz em Degraus da Vida, enquanto o parceiro Guilherme de Brito, recebe a floricultura em vida, na epígrafe de Pranto de Poeta: "Em Mangueira/quando morre um poeta /todos choram/vivo tranqüilo em Mangueira porque/sei que alguém há de chorar quando eu morrer". Entre o sacro e o sacrílego, a filosofia de Folhas Secas, Quando Eu me Chamar Saudade, Minha Festa, Nem Todos São Amigos catapultam Nelson e Guilherme à condição de Rodgers & Hart envenenados do samba, sob tonéis de (Beth) Carvalho. Os arranjos de Ivan de Paulo e as participações de Hamilton de Holanda (bandolim), Altamiro Carrilho (flauta), Silvério Pontes (trompete), Zé da Velha (trombone) e do grupo Época de Ouro celebram a sagração à altura do nome de Nelson. (Julio Moura)
O pessimismo profano de Luz Negra, Rugas, Degraus da Vida e A Flor e o Espinho, esta com a contribuição decisiva de Guilherme de Brito, ganha contornos típicos de outro Nelson, o Rodrigues, no amor traído pelo amigo de Notícia: "o cigarro deixado em meu quarto é a marca que fumas/confessa a verdade/não deves negar". Zeca Pagodinho faz a vez de Chico Buarque (que havia gravado a canção anteriormente) na hospitalar Dona Carola. Wilson das Neves transcende as baquetas e emposta a voz em Degraus da Vida, enquanto o parceiro Guilherme de Brito, recebe a floricultura em vida, na epígrafe de Pranto de Poeta: "Em Mangueira/quando morre um poeta /todos choram/vivo tranqüilo em Mangueira porque/sei que alguém há de chorar quando eu morrer". Entre o sacro e o sacrílego, a filosofia de Folhas Secas, Quando Eu me Chamar Saudade, Minha Festa, Nem Todos São Amigos catapultam Nelson e Guilherme à condição de Rodgers & Hart envenenados do samba, sob tonéis de (Beth) Carvalho. Os arranjos de Ivan de Paulo e as participações de Hamilton de Holanda (bandolim), Altamiro Carrilho (flauta), Silvério Pontes (trompete), Zé da Velha (trombone) e do grupo Época de Ouro celebram a sagração à altura do nome de Nelson. (Julio Moura)
Faixas
Dona Carola (Nelson Cavaquinho, Nourival Bahia, Walto Feitosa)
Degraus da vida (Nelson Cavaquinho, César Brasil, Antônio Braga)
Sempre Mangueira (Nelson Cavaquinho, Geraldo Queiroz)
Vou partir (Nelson Cavaquinho, Jair do Cavaquinho)