NORDESTINA
Roberta do Recife (2000)
2000
Special Discos
SD 0002
Crítica
Cotação:
A filha de Robertinho de Recife, um dos heróis da guitarra nativos, embarca no neoforró. Pelo menos é o que anuncia a capa, onde a bela loura pernambucana de 23 anos empunha uma sanfona e traz um lenço na cabeça que lembra os chapéus de couro instituídos por Luiz Gonzaga para o ramo. Mas Nordestina, a despeito de faixas francamente forrozeiras como 2 em 2, Balançando a Tanajura, Caso de Rua e Sobremesa, não se limita ao arrasta-pé universitário. A começar pelos arranjos ousados sem perder a simplicidade, mais a guitarra paterna, que envenena o tradicional eixo sanfona/zabumba/baixo em faixas como xote Papel de Bolo. O repertório, em boa parte assinado por Roberta, também traz surpresas. Algumas desagradáveis, a fraca balada Como Plural. Outras para enriquecer o ramo, como a inclusão do belo maracatu Colar de Contas (de Roberta e Maurício Negão), a híbrida ciranda Oito Luas e a cantoria agalopada Os Segredos de Sumé, incluindo participação especial de Zé Ramalho. Outro que apadrinha a novata é Geraldo Azevedo no plácido xote Chuva ou Sol, parceria dele com a cantora, que apesar da pose na capa deixa a sanfona do disco a cargo de Aldrin de Caruaru. Entonação da matriarca Marinês e boa pegada autoral, Roberta reforça as hostes da corrente principal da música nordestina, mas nada garante que ela se mantenha fiel ao setor. Afinal, a cantora que dividiu com o pai o sucesso infantil O Elefante, cantou Carmen, de Bizet, e as Bachianas de Villa-Lobos no espetáculo Rapsódia Rock e compôs Lá Vai a Loura com Cid Guerreiro (o do Ilariê) para a própria, ou seja a Xuxa, estreou no disco Amiga misturando xote, reggae e ska. Quem garante qual será seu próximo pouso?
(Tárik de Souza)
Faixas