O CONTEÚDO DO SISTEMA
Criminal D e Gangue de Rua (2000)
Crítica
Cotação:
"Periferia Santista, Zona Noroeste/ Essa é nossa área, pra quem não conhece." Assim se apresentam ao público Criminal D e sua Gangue de Rua (Lord J e Negro Cy). Eles poderiam passar por mais um dos bons grupos de rap que gravam por pequenos selos de São Paulo, não fosse pela capa de O Conteúdo do Sistema. Grafismos limpos, foto estilizada, roupas transadas... é, o núcleo de moda da gravadora Trama entrou em ação, embalando os manos para novos consumidores. Mas é só uma capa, porque o conteúdo do Conteúdo não difere muito daquele que pode ser encontrado nos bons discos de rap independente de SP. Como muitos dos irmãos, Criminal D dispõe de boas e criativas bases (montadas por João Marcello Bôscolli e Otávio de Moraes), rimas certeiras mas comuns e letras com os inevitáveis temas comuns às periferias brasileiras. "É o sistema que nos aperta", resume o trio em Guerrilha Urbana.
Sem ser assustador ou tampouco comercialóide, o Conteúdo traz um bom retrato do que é o rap brasileiro em 2001. Em clima de filme de terror, a arbitrariedade policial é encenada em Carro Cinza. Já Retrato Falado disseca a vida na prisão, onde "o filho chora e a mãe não vê". Em Farsantes ("o mal é cortado pela raiz/ homens do poder não passam de farsantes"), por sua vez, fica evidente o cuidado sonoro do disco, com uma boa escolha de samples - o mesmo acontece em Crise, que pega o baixo de Vidigal, da Banda Black Rio, e ainda traz citação da letra de Podres Poderes, de Caetano Veloso. A coisa chega a descambar para o trip hop, meio Massive Attack, em Derrota, faixa que fala do vício do pó de pirlimpimpim. "Parece piada, mas ele sempre dizia/ Que a noite é uma criança e ele era o pediatra", rappeia Criminal. Há até espaço no disco para a lubricidade, em Mina ("Imagine nós dois sozinhos num motel/ Quatro paredes, cama redonda/ E uma TV, passando o que eu quero ver/ Sexo, muito sexo!"). Mas o forte mesmo do CD é a denúncia, como tem de sobra na jazzy Crime Sem Perdão, que tem reforço vocal de Pedro Mariano ("Policiais prendem pessoas inocentes/ Enquanto os bandidos assaltam, matam a nossa gente"). E assim caminha o rap brasileiro.(Silvio Essinger)
Sem ser assustador ou tampouco comercialóide, o Conteúdo traz um bom retrato do que é o rap brasileiro em 2001. Em clima de filme de terror, a arbitrariedade policial é encenada em Carro Cinza. Já Retrato Falado disseca a vida na prisão, onde "o filho chora e a mãe não vê". Em Farsantes ("o mal é cortado pela raiz/ homens do poder não passam de farsantes"), por sua vez, fica evidente o cuidado sonoro do disco, com uma boa escolha de samples - o mesmo acontece em Crise, que pega o baixo de Vidigal, da Banda Black Rio, e ainda traz citação da letra de Podres Poderes, de Caetano Veloso. A coisa chega a descambar para o trip hop, meio Massive Attack, em Derrota, faixa que fala do vício do pó de pirlimpimpim. "Parece piada, mas ele sempre dizia/ Que a noite é uma criança e ele era o pediatra", rappeia Criminal. Há até espaço no disco para a lubricidade, em Mina ("Imagine nós dois sozinhos num motel/ Quatro paredes, cama redonda/ E uma TV, passando o que eu quero ver/ Sexo, muito sexo!"). Mas o forte mesmo do CD é a denúncia, como tem de sobra na jazzy Crime Sem Perdão, que tem reforço vocal de Pedro Mariano ("Policiais prendem pessoas inocentes/ Enquanto os bandidos assaltam, matam a nossa gente"). E assim caminha o rap brasileiro.(Silvio Essinger)
Faixas