OLHA QUE COISA MAIS LINDA - HOMENAGEM A TOM JOBIM
Tom Jobim (2001)
2001
Som Livre
2291/2
Crítica
Cotação:
Sai agora em CD o tributo a Tom Jobim gravado em novembro no ATL Hall (RJ), por 15 artistas brasileiros. O resultado de ecléticas escolhas no elenco acaba sendo irregular, pois alguns dos intérpretes pouco afeitos ao repertório jobiniano (mas que nem por isso pensariam em recusar a chance de participar da homenagem) viram-se presos no dilema entre imprimir uma marca pessoal à interpretação e reverenciar a criação do maior compositor brasileiro. Sinuca de bico, da qual poucos saíram ilesos. Ponto para os mais tarimbados, como Ivan Lins, que fez bonito em O Amor em Paz (mas poderia ter se limitado ao piano, não precisava do arranjo de cordas onipresentes), João Bosco, que tocou Águas de Março de forma criativa, só voz e violão, sem descaracterizar a obra, que se baseia na (aparente) repetição, e o Quarteto em Cy, que acrescentou um raro e pouco gravado prelúdio para Desafinado ("Quando eu vou cantar/ Você não deixa/ E sempre vem/ A mesma queixa/ Diz que eu desafino/ Que eu não sei cantar/ Você é tão bonita/ Mas sua beleza/ Também pode se enganar").
Leila Pinheiro, expert em bossa nova, deu o peso certo a Sem Você, música cheia de nuanças, nem sempre percebidas. Já Ed Motta, um dos que conseguem, sem dúvida, deixar sua marca pessoal e intransferível a tudo que canta, fez um bonita versão, com sua alma soul, de Por Toda Minha Vida — acompanhado ao piano apenas por Daniel Jobim, neto do homem. Peca apenas pelo excesso de falsete para atingir as notas mais agudas, em uma faixa de menos de 2 minutos. Certo, a música tem uma extensão enorme, mas quem mandou escolher? Já Luiza, interpretada aqui por Carlinhos Brown, é a faixa mais longa do disco. Com 5’10", inclui uma introdução — mesclando efeitos sonoros feitos com o violoncelo de Jaques Morelenbaum e uma batida imitando a pulsação de um coração — um interlúdio, um solo de violoncelo (e tome tum-dum-tum-dum ao fundo), um apelo de Brown à platéia ("põe a mão no coração, todo mundo")... Em meio a isso tudo, perde-se a riqueza da jóia que é a música.
Os mega standards Corcovado (Daniela Mercury), Wave (Lenine), Garota de Ipanema (Simone) e Eu Sei Que Vou Te Amar (Paulinho Moska) ficam no limite da correção. O que é compreensível. Que se pode fazer, reinventar a roda? Martinho da Vila ficou um pouco estranho, cantando de maneira afetada, uma leitura de A Felicidade que acabou virando Ah! Felicidade. Zé Renato se deu bem em Triste, ganhou um dos arranjos mais suingados e não desperdiçou a sorte. A Orquestra Som Livre (com coro) remeteu aos grandes bailes em Lígia, no melhor estilo Anos Dourados. Chamariz extra para o disco é a faixa-bônus, Estrada Branca, cantada por Chico Buarque (que não participou do show), um brinde para relevar os equívocos cometidos por Paula Toller (Por Causa de Você) e Paulo Ricardo (bem apropriadamente, Insensatez). Salva-se, como sempre, a música de Tom.(Nana Vaz de Castro)
Leila Pinheiro, expert em bossa nova, deu o peso certo a Sem Você, música cheia de nuanças, nem sempre percebidas. Já Ed Motta, um dos que conseguem, sem dúvida, deixar sua marca pessoal e intransferível a tudo que canta, fez um bonita versão, com sua alma soul, de Por Toda Minha Vida — acompanhado ao piano apenas por Daniel Jobim, neto do homem. Peca apenas pelo excesso de falsete para atingir as notas mais agudas, em uma faixa de menos de 2 minutos. Certo, a música tem uma extensão enorme, mas quem mandou escolher? Já Luiza, interpretada aqui por Carlinhos Brown, é a faixa mais longa do disco. Com 5’10", inclui uma introdução — mesclando efeitos sonoros feitos com o violoncelo de Jaques Morelenbaum e uma batida imitando a pulsação de um coração — um interlúdio, um solo de violoncelo (e tome tum-dum-tum-dum ao fundo), um apelo de Brown à platéia ("põe a mão no coração, todo mundo")... Em meio a isso tudo, perde-se a riqueza da jóia que é a música.
Os mega standards Corcovado (Daniela Mercury), Wave (Lenine), Garota de Ipanema (Simone) e Eu Sei Que Vou Te Amar (Paulinho Moska) ficam no limite da correção. O que é compreensível. Que se pode fazer, reinventar a roda? Martinho da Vila ficou um pouco estranho, cantando de maneira afetada, uma leitura de A Felicidade que acabou virando Ah! Felicidade. Zé Renato se deu bem em Triste, ganhou um dos arranjos mais suingados e não desperdiçou a sorte. A Orquestra Som Livre (com coro) remeteu aos grandes bailes em Lígia, no melhor estilo Anos Dourados. Chamariz extra para o disco é a faixa-bônus, Estrada Branca, cantada por Chico Buarque (que não participou do show), um brinde para relevar os equívocos cometidos por Paula Toller (Por Causa de Você) e Paulo Ricardo (bem apropriadamente, Insensatez). Salva-se, como sempre, a música de Tom.(Nana Vaz de Castro)
Faixas
8
Pot-pourri:
Soneto de fidelidade (Vinicius de Moraes)
Eu sei que vou te amar (Tom Jobim - Vinicius de Moraes)
Eu sei que vou te amar (Tom Jobim - Vinicius de Moraes)