OS CLÁSSICOS CARIOCAS

É até covardia, e pleonasmo desnecessário também, colocar a palavra "clássicos" no título de um álbum dos Cariocas. Como se o veteraníssimo grupo vocal gravasse algo além de clássicos! Com a adesão dos "novatos" Elói e Neil em adição aos eternos Severino Filho e Jorge Quartera, os Cariocas adentram a sexta década de atuação sem alterar sua música. O refinado estilo de arranjo vocal que se transformou com os anos num dos paradigmas da MPB moderna continua intacto. E como que para preservar mais ainda a verve do grupo, escolheram para este disco apenas canções eternizadas pela Bossa Nova (à exceção de Chão de Esmeraldas, tributo de Chico Buarque à Mangueira). Ou seja: nada de novo no front, mas tudo tão bom quanto antes.

Como se o tempo não tivesse passado, a sonoridade do álbum remete de imediato aos anos 60 - à fusão de jazz, bossa e cool samba preconizada por J.T.Meirelles e seus seguidores. Apenas a ênfase é dada aos vocais, ao invés da performance instrumental. Bom exemplo é a bela introdução à capela criada para Também Quem Mandou. Outro momento solo das vozes, ainda mais rico, é Insensatez, esta levada totalmente sem instrumentos. Plenas de balanço, vêm Samba do Avião e Samba de Verão, esta com floreios vocais e instrumentais. Mais bossa for export pode ser encontrada em Balanço Zona Sul, Ela É Cariocae, é claro, Garota de Ipanema - nesta última, os Cariocas resgatam a introdução que Tom Jobim criou para apresentar pela primeira vez a música ao vivo, em 1962. Águas de Março, também de Jobim mas da safra "não-carioca" do compositor, também é relembrada. Para os românticos, não faltam algumas mais belas canções de amor da bossa nova, como Preciso Aprender a Ser Só e Minha Namorada.(Marco Antonio Barbosa)