PARA A INVEJA DOS TRISTES
Kléber Albuquerque (2000)
Crítica
Cotação:
Para a Inveja dos Tristes, segundo álbum do compositor e cantor Kléber Albuquerque, começa com uma vinheta reveladora. Como se saísse de um velho radinho de pilha, a moda caipira Galope do Olho Seco (que retorna no meio e no final do disco) aponta para uma das raízes básicas desse paulista da cidade de Santo André: a música sertaneja. Essa influência aparece também nas imagens poéticas da canção Espera, que mistura galope com funk. Ou ainda em Lã de Vidro, que funde forró com soul. Rascante como a sonoridade de uma rabeca, a voz de Kléber também não deixa de refletir, de certa forma, essa ascendência sertaneja, mas a essência de sua música é, sem dúvida, urbana. Do reggae A Chave Certa à balada-folk Uns 10 Amantes, passando pela toada romântica Eu Não Sei Falar de Amor, Kléber mostra que tem vocação para o pop. Mesmo quando se volta para a tradição do frevo, na irônica Carnaval (uma das melhores faixas do disco), ele resgata o som característico das bandinhas de metais através da eletrônica do sampler. Exceto pela presença do dublê de ator e cantor Fábio Jr., que soa um tanto artificial em sua aparição na delicada Isopor, Para a Inveja dos Tristes sugere que Kléber Albuquerque tem talento para alçar vôos musicais ainda mais altos.
(Carlos Calado)
Faixas