PARADEIRO
Arnaldo Antunes (2001)
Crítica
Cotação:
Parceiros ocasionais (ligados através de Marisa Monte), Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown aproximam seus universos bem distintos neste Paradeiro, álbum do ex-Titãs produzido pelo baiano (com Alê Siqueira). A aproximação entre os dois pode não ter gerado uma simbiose total entre a assimetria "concreta" da música de Arnaldo e o timbalismo de Brown. Mas o fato é que este sexto álbum de Antunes é o mais "musical" de toda a sua carreira solo - e também o mais palatavelmente pop.
Além de tocar em várias faixas (variadas percussões, baixo, teclados), Brown mesclou músicos de sua comuna do Candeal com os parceiros habituais de Arnaldo (Edgard Scandurra, Paulo Tatit, Zaba Moreau). O resultado foram arranjos com uma maior ênfase na percussão, mas plenos de espaço para riquezas harmônicas pouco ouvidas nos álbuns anteriores. Por sua vez, Antunes pareceu empenhar-se em escrever - sozinho ou com parceiros - canções que dessem margem a essa abordagem mais melódica. Esta junção não nega a vocação vanguardeira de Arnaldo; apenas a embala em uma sonoridade mais "humanizante", pronto para ouvidos pouco afeitos a experimentações.
Ainda que permaneça o eterno sentido de estranheza no estilo único de composição de Arnaldo, poucas vezes o cantor soou tão agradável como em Essa Mulher, Na Massa (feita com Davi, filho de Moraes Moreira) ou na faixa-título (composta com Marisa Monte e Brown). Mesmo as faixas que contam com o tom mais gutural da voz do cantor (como Do Vento ou Luzes, com aquele vozeirão soturno) acabam se beneficiando com esse novo melodismo. Aí também acaba se encaixando a inesperada recriação de Exagerado, sucesso de Cazuza transformado em bossa nova cavernosa. Na encruzilhada do hermetismo típico com o drive rítmico de Brown, destaca-se o samba Santa; a percussão acaba falando alto em O Mosquito, Lembrança Vó e Se Tudo Pode Acontecer (esta contando com bela melodia). Os mais chegados ao incomum têm sua vez: o Arnaldo "cabeção" reaparece animado em Escuríssimo, de ritmos quebrados e letra tipicamente concretista.(Marco Antonio Barbosa)
Além de tocar em várias faixas (variadas percussões, baixo, teclados), Brown mesclou músicos de sua comuna do Candeal com os parceiros habituais de Arnaldo (Edgard Scandurra, Paulo Tatit, Zaba Moreau). O resultado foram arranjos com uma maior ênfase na percussão, mas plenos de espaço para riquezas harmônicas pouco ouvidas nos álbuns anteriores. Por sua vez, Antunes pareceu empenhar-se em escrever - sozinho ou com parceiros - canções que dessem margem a essa abordagem mais melódica. Esta junção não nega a vocação vanguardeira de Arnaldo; apenas a embala em uma sonoridade mais "humanizante", pronto para ouvidos pouco afeitos a experimentações.
Ainda que permaneça o eterno sentido de estranheza no estilo único de composição de Arnaldo, poucas vezes o cantor soou tão agradável como em Essa Mulher, Na Massa (feita com Davi, filho de Moraes Moreira) ou na faixa-título (composta com Marisa Monte e Brown). Mesmo as faixas que contam com o tom mais gutural da voz do cantor (como Do Vento ou Luzes, com aquele vozeirão soturno) acabam se beneficiando com esse novo melodismo. Aí também acaba se encaixando a inesperada recriação de Exagerado, sucesso de Cazuza transformado em bossa nova cavernosa. Na encruzilhada do hermetismo típico com o drive rítmico de Brown, destaca-se o samba Santa; a percussão acaba falando alto em O Mosquito, Lembrança Vó e Se Tudo Pode Acontecer (esta contando com bela melodia). Os mais chegados ao incomum têm sua vez: o Arnaldo "cabeção" reaparece animado em Escuríssimo, de ritmos quebrados e letra tipicamente concretista.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas