PERFIL DE UM SAMBISTA
Noite Ilustrada (2001)
Crítica
Cotação:
Outro mineiro dedicado ao samba (ao lado de Ary Barroso, Geraldo Pereira, Ataulfo Alves), o cantor Mário de Souza Marques Filho, de Pirapetinga, nascido em 1928, já escalou as paradas nos 60 com sua voz (até hoje) encorpada e bonita em clássicos como Volta Por Cima (Paulo Vanzolini) e O Neguinho e a Senhorita (Noel Rosa de Oliveira/ Abelardo da Silva). "Eu sou um dos poucos que restam com a fama de bamba/ sou a marca de um tempo", auto define-se na faixa título deste CD (que inclui os dois sucessos devidamente repaginados) especialmente composta para ele pelo recém falecido Adauto Santos. Além do cardápio onde pontificam clássicos como Pra Machucar Meu Coração (Ary Barroso), Aos Pés da Cruz (Zé da Zilda/ Marino Pinto) e Deus Me Perdoe (Humberto Teixeira/ Lauro Maia), o disco tem primorosa arte gráfica centrada na nostalgia e no humor (destaque para o painel que reproduz capas da extinta revista Noite Ilustrada que inspirou o apelido do cantor).
Outro ponto alto são as orquestrações do baixista Sizão Machado e do trombonista Bocato, que trabalhou com os vanguardistas Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé, mas também gravou um tributo ao chorão básico Pixinguinha. É dele o sopro que dialoga com Noite permitindo-se alguma liberalidade jazzística acentuada pelos comentários do piano de Mozar Terra. Soa bem o contraste de orquestração tão sutil (o violão de Webster Santos alicerça o balanço) com sambas de malandragem casca grossa como Eu Nasci no Morro (Ary Barroso), Louco (Ela Era o Seu Mundo) (Wilson Batista/ Henrique de Almeida) e A Primeira Escola (Pereira Matos/ Joel de Almeida), belo inventário dos batuqueiros fundadores. O único senão é que a peneira das escolhas deixa passar composições menos representativas como Cadeira de Bar (do próprio cantor) e Minha Rainha (Rita Ribeiro/Lourenço). Mas nada que comprometa o perfil do longevo (e conservado) sambista que aos 73 anos recebe tapete vermelho da Trama e um kit onde sua imagem contracena com um daqueles microfones antigões.(Tárik de Souza)
Outro ponto alto são as orquestrações do baixista Sizão Machado e do trombonista Bocato, que trabalhou com os vanguardistas Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé, mas também gravou um tributo ao chorão básico Pixinguinha. É dele o sopro que dialoga com Noite permitindo-se alguma liberalidade jazzística acentuada pelos comentários do piano de Mozar Terra. Soa bem o contraste de orquestração tão sutil (o violão de Webster Santos alicerça o balanço) com sambas de malandragem casca grossa como Eu Nasci no Morro (Ary Barroso), Louco (Ela Era o Seu Mundo) (Wilson Batista/ Henrique de Almeida) e A Primeira Escola (Pereira Matos/ Joel de Almeida), belo inventário dos batuqueiros fundadores. O único senão é que a peneira das escolhas deixa passar composições menos representativas como Cadeira de Bar (do próprio cantor) e Minha Rainha (Rita Ribeiro/Lourenço). Mas nada que comprometa o perfil do longevo (e conservado) sambista que aos 73 anos recebe tapete vermelho da Trama e um kit onde sua imagem contracena com um daqueles microfones antigões.(Tárik de Souza)
Faixas