PÉROLAS - ALMIR GUINETO
Almir Guineto (2000)
2000
Som Livre
6019/2
Crítica
Cotação:
A voz negra rascante de Almir Guineto tem ascendência ilustre, D. Fia, matriarca do Salgueiro que gerou também seus irmãos Chiquinho, do grupo Originais do Samba e Mestre Louro, lendário diretor de bateria da escola. Ex-gari (aposentado por uma paralisia no braço), Almir despontou em 1981 no selo K-Tel com os partidos-altos O Suburbano ("que já nasce pobretão/ que se cria com as promessas/ do partido da ilusão"), de Beto S/ Braço e Aloísio Machado, e Saco Cheio ("tudo que se faz na terra/ se coloca Deus no meio/ Deus já deve estar de saco cheio"), uma audaciosa co-autoria de D. Fia (Nair de Souza Serra) que causou até protestos do Cardeal Arcebispo do Rio, D. Eugênio Sales. As duas faixas estão nessa seleção quentíssima (de sua fase RGE, selo da Som Livre) que resume a época áurea de Guineto. Descoberto como pagodeiro no núcleo do Cacique de Ramos ele surfou na primeira onda do movimento (a de raiz) ao lado de Zeca Pagodinho, Grupo Fundo de Quintal, Jovelina Pérola Negra, Pedrinho da Flor e outros. No CD, o samba lento encharcado de romantismo, um pote até aqui de mágoa (Pranto que Chorei, Insensato Destino, Mel na Boca, Conselho, Rendição e o clássico Lama nas Ruas, um dos primeiros sucessos do parceiro Zeca Pagodinho) convive com o lado partideiro/pagodeiro do cantor de Mordomia, Jibóia, A Vaca, Batendo na Palma da Mão e mais Dalila, Cadê Guará? e Caxambu, ambos de entonação afro, terreiro onde Almir bate cabeça com fé.(Tárik de Souza)
Faixas