PÉROLAS - GUILHERME ARANTES

Se cantasse em inglês, Guilherme Arantes seria milionário, pois seus grandes sucessos, com o teclado à la Elton John em primeiro plano, provavelmente seriam cantados em todo o mundo. Mesmo restrito ao Brasil, Arantes foi um hitmaker de primeira e um grande vendedor de discos na primeira metade dos anos 80. A coletânea Pérolas reúne faixas de seus três discos na Som Livre – Guilherme Arantes (1976), Ronda Noturna (1977) e Ligação (1983). Os dois primeiros são seu début na carreira solo, quando estava mais do que nunca influenciado pelo rock progressivo. Na busca de seu caminho como compositor apresentava em sua maioria canções muito datadas. O último disco já era de uma fase mais pop. Nenhum dos três, porém, são grandes álbuns, mas algumas boas faixas fazem valer a compra do CD. Do primeiro álbum há Meu Mundo e Nada Mais – seu primeiro sucesso – e menos conhecidas simpáticas como A Cidade e a Neblina e Cuide-se Bem. Do segundo, há a versão integral do mega sucesso Amanhã, com seus 7 minutos e 37 segundos de duração, normalmente editado nas demais coletâneas do cantor. Fora essa, há outras curiosas como uma de rompante adolescente tardio, Rolo Compressor ("Cabeça cheia de idéias, um dia eu vou ter dinheiro para usá-las/ Meu vôo é sem escalas até o sol/ Tudo que eu quero eu consigo/ Não tenho medo de nada, quase nada/ Nem um sonho é maior do que o meu"). Do LP Ligação, há a eterna balada Pedacinhos (Bye Bye So Long) – cujo refrão foi recentemente pescado por Gabriel, o Pensador para um de seus raps – e outras de lavra pop menos inspiradas. Finalmente, há duas faixas raras retiradas de dois compactos de 1984. Uma é Xixi nas Estrelas, composta para o especial Pirlimpimpim 2, da TV Globo, em parceria com o poeta Paulo Leminsky (da época em que música para criança não emburrecia). A outra é o delicioso funk Fio da Navalha – tema da novela Partido Alto – que merecia ser regravado por uma Sandra de Sá: "No fio da navalha/ Vive a fina flor da marginália (...) A vida por um fio inimaginário/ Entre o crime e a lei/ A lei do mais forte/ Ambição e paixão/ Jogo do poder/ Poder de barganha com a morte/ Qualquer zona leste, norte e sul vira faroeste. (...) Bandido, mocinho/ É tudo farinha do mesmo saco".(Rodrigo Faour)