POLÍTICO E PIRATA
Supla (2002)
Crítica
Cotação:
Supla protagonizou o mais bem sucedido comeback de 2001 - graças, claro, ao programa televisivo Casa dos Artistas - e acabou transformando-se numa figura (ou figuraça) pública muito maior que sua própria música. A cara de pau do rapaz quase impede uma análise mais séria de seu talento artístico; afinal, após as inúmeras presepadas estreladas por ele na mídia, ainda daria para ouvir com isenção o som de Supla? Vamos levar em consideração que só agora, com este Político e Pirata, é que o cantor diz realmente a que veio.
O disco anterior, O Charada Brasileiro, não era mais que um caça-níqueis lançado às pressas, requentando sobras dos tempos do Tokyo e de sua encarnação solo anterior. Não é surpresa, porém, encontrar mais do mesmo no disco novo, pelo menos musicalmente. Supla não tem o menor pudor em reciclar idéias velhas - alheias ou próprias -, chegando ao ponto de vampirizar a si mesmo produzindo não uma, mas duas recauchutagens da antiga Encoleirado, de 1992 (que rendeu aqui Acorrentada e Acorrentado). Ora ele apela para o pop plastificado típico dos anos 80, ora pula para arremedos de rock pesado e sons eletrônicos mais modernos. Poética e sonoramente, dá para engolir se formos levar tudo na brincadeira. A coisa complica quando o novo discurso do rapaz é posto na mesma perspectiva. Supla volta suas baterias contra os políticos, a mídia e a indústria fonográfica... e põe tudo a perder misturando seus vitupérios com letras no mínimo infantis, tudo embrulhado numa estética visual confusa e cheia de clichês "radicais". É possível dar crédito ao gajo? Só se formos entender tudo como ironia.
A produção de Marcelo Sussekind, veterano da geração 80 do BRock, dá um ar asséptico e oitentista ao álbum. Sente-se isso na faixa-título (niueive total), no rockabilly estilizado de Blá Blá Blá e no punk farofa de Mão Direita (ode ao onanismo sacada do repertório do Tokyo). Nos momentos em que se desvia do tom regressivo, Supla sai-se melhor, seja nas baladas ao violão com levadinha r'n'b (Quanto Tempo Faz, Uma Outra Garota) ou na meio-gótica e climática As Virgens. Mas a avacalhação abunda e empastela o resultado final. O incrível é que para compor as letras de pérolas do besteirol como Amigo Hamburger ("Ofereci um hamburger como se fosse normal / Mas ele pediu batata, sobremesa e coisa e tal") ou Vampiros ("Sangue na faixa, pescoço de graça / Morceguinha com sua asa"), Supla empregou a ajuda de até quatro parceiros! Aí não há ironia que dê jeito; é caso de chamar o Mobral, mesmo. (Marco Antonio Barbosa)
A produção de Marcelo Sussekind, veterano da geração 80 do BRock, dá um ar asséptico e oitentista ao álbum. Sente-se isso na faixa-título (niueive total), no rockabilly estilizado de Blá Blá Blá e no punk farofa de Mão Direita (ode ao onanismo sacada do repertório do Tokyo). Nos momentos em que se desvia do tom regressivo, Supla sai-se melhor, seja nas baladas ao violão com levadinha r'n'b (Quanto Tempo Faz, Uma Outra Garota) ou na meio-gótica e climática As Virgens. Mas a avacalhação abunda e empastela o resultado final. O incrível é que para compor as letras de pérolas do besteirol como Amigo Hamburger ("Ofereci um hamburger como se fosse normal / Mas ele pediu batata, sobremesa e coisa e tal") ou Vampiros ("Sangue na faixa, pescoço de graça / Morceguinha com sua asa"), Supla empregou a ajuda de até quatro parceiros! Aí não há ironia que dê jeito; é caso de chamar o Mobral, mesmo. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas