PRIMITIVE

O pássaro da capa – meio Fênix, que renasce das cinzas – de certa forma faz justiça ao que é ouvido em Primitive. Mais coeso que Soulfly, o disperso disco de estréia, o novo CD traz a máquina metal de Max Cavalera bem mais azeitada, retomando o caminho iniciado pelo Sepultura em Roots. Logo depois de uma breve abertura com berimbau eletronicamente processado, chega a poderosa Back To The Primitive, uma síntese do modo Soufly de fazer música: riffs de guitarra simples (no estilo das frases de um berimbau), baixo e bateria com muita pressão e uma berraria de profissional, rasgando o estéreo. Pain vem em seguida mantendo o pique (com uma passagem de puro heavy metal aterrador), que segue inalterado em Jump Da Fuck Up (com suas passagens industriais e vocais melódicos de Corey Taylor), The Terrorist e Fly High O baixo de Marcelo D. Rapp está muito muito mais presente do que em qualquer outro disco do Soulfly (e do Sepultura), funcionando com a bateria num esquema de muito groove, às vezes caindo para o reggae, como em Bring It. Uma das faixas em que o balanço aparece com mais intensidade é Mulambo, que, com sua boa interação de batucada e guitarras, lembra a Ratamahata, de Roots. In Memory Of segue na mesma linha, juntando rap e berimbau, baixões distorcidos e climas de guitarra, programações de bateria eletrônica e percussões. Já Son Song inova ao unir um riff de guitarra em estilo Black Sabbath à voz de Sean Lennon, mais para o psicodelismo, com intervenções de piano e teclados. Mais climática que essa, porém, é Soulfly II, faixa instrumental também com piano, espiritualmente evocativa, que faz par com a Soulfly do primeiro disco. Musicalmente variado e realizado com categoria, Primitive tem tudo para fazer com que o Soulfly chegue a um novo público sem perder a sua fiel base de fãs. E tem mais: de bônus, o comprador leva as versões ao vivo de Eye For an Eye e Tribe (do primeiro disco) e duas eletrônicas: o ragga Soulfire e o remix da música Soulfy.(Silvio Essinger)