RAÇA NEGRA
Raça Negra (2001)
Crítica
Cotação:
Também no pagode romântico, antiguidade é posto. Que o diga o Raça Negra, precursor de toda essa rapaziada malandra que hoje acha que faz samba. Só pela estrada que o grupo já tem, deve-se olhar este 13º álbum de sua carreira com um certo respeito. (E também dar um desconto para a indefectível língua presa do vocalista Luiz Carlos.) E, apesar do respeito devido, uma constatação é óbvia: sob a regência do produtor Manoel Nenzinho Pinto, um dos asseclas do cantor Daniel, o RN parece disposto a esquecer que um dia já fez samba. Mais do que nunca, cai de boca na pantanosa zona onde encontram-se o breganejo e o romantismo barato herdado da Jovem Guarda.
Verdade seja dita: a embalagem que envolve essa gororoba ficou bem caprichada. Suntuosos arranjos de cordas e sopros embalam canções como Perdoa (da dupla dinâmica Peninha/Arnaldo Saccomani), Espelho e Problema Meu . Se a intenção era dar um verniz "robertocarleano" às músicas, funcionou. Por outro lado, as cascatas de violinos extirpam tudo o que restava de samba no som do grupo; não fossem as tímidas bases de percussão, qualquer Zezé Di Camargo poderia cantá-las na boa (ouça a introdução de Você Não Sabe de Mim e confira). Em pagodinhos bregas "básicos", como Gostoso Demais (essa com uma metaleira "de responsa" na introdução), Correnteza de Emoção e Diga Pra Mim, o velho Raça Negra parece mais reconhecível. Ou nem tanto, ao resvalar de leve na onda do forró em Denguinho (que tem até triângulo e sanfona!). Nesse contexto, a quase-balançada Olha Pra Mim, decalque safado e diluído de samba-rock, soa até como uma lufada de ar fresco. Salva-se também o refrãozinho pop de Você Não Sabe de Mim... regravação do próprio repertório passado do grupo.
Mas se o embrulho ficou tinindo, o presente decepciona. Letras paupérrimas ("Nosso amor, essa coisinha maluca/É gostoso e não machuca... Sou o seu queijinho, você é meu doce", pérolas tiradas de Gostoso Demais), melodias idem, tudo nivelado pelo baixo patamar estabelecido por Vavás e Alexandres Pires da vida. Seria um caso clássico de criador virando criatura? Apesar de tudo, não dá para antipatizar com os caras. Antiguidade é posto.(Marco Antonio Barbosa)
Verdade seja dita: a embalagem que envolve essa gororoba ficou bem caprichada. Suntuosos arranjos de cordas e sopros embalam canções como Perdoa (da dupla dinâmica Peninha/Arnaldo Saccomani), Espelho e Problema Meu . Se a intenção era dar um verniz "robertocarleano" às músicas, funcionou. Por outro lado, as cascatas de violinos extirpam tudo o que restava de samba no som do grupo; não fossem as tímidas bases de percussão, qualquer Zezé Di Camargo poderia cantá-las na boa (ouça a introdução de Você Não Sabe de Mim e confira). Em pagodinhos bregas "básicos", como Gostoso Demais (essa com uma metaleira "de responsa" na introdução), Correnteza de Emoção e Diga Pra Mim, o velho Raça Negra parece mais reconhecível. Ou nem tanto, ao resvalar de leve na onda do forró em Denguinho (que tem até triângulo e sanfona!). Nesse contexto, a quase-balançada Olha Pra Mim, decalque safado e diluído de samba-rock, soa até como uma lufada de ar fresco. Salva-se também o refrãozinho pop de Você Não Sabe de Mim... regravação do próprio repertório passado do grupo.
Mas se o embrulho ficou tinindo, o presente decepciona. Letras paupérrimas ("Nosso amor, essa coisinha maluca/É gostoso e não machuca... Sou o seu queijinho, você é meu doce", pérolas tiradas de Gostoso Demais), melodias idem, tudo nivelado pelo baixo patamar estabelecido por Vavás e Alexandres Pires da vida. Seria um caso clássico de criador virando criatura? Apesar de tudo, não dá para antipatizar com os caras. Antiguidade é posto.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas