RAÍZES DO SAMBA - GILBERTO ALVES
Gilberto Alves (2000)
Crítica
Cotação:
Carioca do Méier, Gilberto Alves Martins (1915-1992) formou-se na escola musical das serestas de rua, extinta quando a bossa nova levou gargantas e violões para dentro das casas. Sapateiro de ofício, freqüentador dos cabarés da Lapa , Gilberto galgou o pau-de-sebo da época, os microfones das rádios (Clube do Brasil, Educadora, Guanabara, até estabelecer-se na Tupi) antes de projetar-se no disco no começo dos 40. Por sinal, a valsa Tralálá (Roberto Martins), primeiro sucesso do cantor na Odeon (atual EMI) exatamente em 1940, não foi incluída nesta seleção que abre com outro êxito dele, o samba Pombo Correio (Benedito Lacerda/ Darcy de Oliveira) e despreza um terceiro, Algum Dia Te Direi, ambos de 1942. Não inclui também sua histórica interpretação de Natureza Bela, um dos primeiros sambas-enredo gravados. O repertório desta antologia dá preferência ao período dos anos 50 aos 70, quando em muitos casos a regravação substitui o original, como num de seus maiores estouros de carnaval, De Lanterna na Mão (Elzo Augusto/ José Saccomani/ Jorge Martins), acoplado a Novo Lar (Jorge Martins/ Serafim Adriano/ José Garcia). A voz límpida de seresteiro com algum vibrato desliza por clássicos do passado (Pelo Telefone, Gavião Calçudo, Mulher de Malandro, Gosto Que Me Enrosco, Isaura, Abre a Janela, O Trem Atrasou), alguns imprensados em pot-pourris e ainda arrebanha um de seus últimos êxitos, o extemporâneo maxixe E Você Não Dizia Nada (Hélio Sindô/ J. Saccomani/ Jorge Martins). Apesar das omissões, o disco oferece uma rara oportunidade de ouvir esse ídolo popular (que disputou com os grandes Chico Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas e Carlos Galhardo) tragado pelo passado.
(Tárik de Souza)
Faixas
Novo lar (Jorge Martins-Serafim Adriano-José Garcia)
Sei que é covardia... mas (Ataulfo Alves-Claudionor Cruz)
O trem atrasou (Arthur Vilarinho-Estanislau Silva-Paquito)
É bom parar (Rubens Soares)
É bom parar (Rubens Soares)